abril 02, 2009

O PODER LEGISLATIVO NÃO É UM MAL NECESSÁRIO

Uma série de escândalos tem abalado a credibilidade do Congresso Nacional – Câmara dos Deputados e Senado Federal. E as críticas da mídia repercutem na população, o que faz aumentar as críticas, numa ciranda de reclamações e cobranças.

Devagar com andor, no entanto, que o santo é de barro. Não são as instituições legisladoras – Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores – que devem ser alvo de protestos.

Expliquemos. Não pode haver democracia sem um Poder Legislativo, representante mais legítimo dos anseios e vontades do povo. Em nenhuma hipótese, sob pena de defendermos governos ditatoriais, pode-se esbravejar contra esse Poder.

A mesma mídia que esbraveja contra o senador fulano de tal por atos de improbidade foi exatamente a mesma que exaltou o seu partido ou contribuiu para sua eleição. É claro que sabemos que é impossível alguém ser totalmente isento, neutro, mas não pode nenhuma mídia – jornal, rádio, televisão ou qualquer outra - fingir que é isenta e manipular seus leitores a favor de tal ou qual partido político.

A mídia e nós, eleitores, somos igualmente responsáveis por aqueles que elegemos como nossos representantes. No entanto, passada a temporada de escândalos, votamos de novo nos mesmos, sempre nos mesmos. E a mídia apoia sempre aqueles a quem deve favores, sempre os mesmos.

Por isso, o debate em torno dos escândalos e malversações de dinheiro público que nossos “nobres” representantes têm protagonizado, em todas as esferas legislativas do País, tem que ser travado em torno de uma reforma política séria, sem protecionismos a partidos de direita ou de esquerda.

Não podemos continuar tolerando reeleições indefinidas de quem quer que seja.

Não podemos continuar tolerando a existência de trinta ou mais legendas partidárias, sendo que a maioria só existe para negociatas espúrias.

Não podemos continuar tolerando que a classe política seja constituída de indivíduos que são mais iguais que todos nós: chega de mordomias e privilégios a quem quer que seja. Que ganhem bem, muito bem, nossos representantes, mas que trabalhem honestamente como qualquer outro trabalhador, com ponto de presença e desconto de faltas.

Enfim, precisamos parar de espernear e esbravejar. Aproveitemos o momento e tomemos nas mãos as rédeas de um debate sério que busque acabar de uma vez e para sempre com esse sistema que privilegia os mais espertos em detrimento dos mais capazes.

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