agosto 18, 2010

O PRAGMATISMO DAS CAMPANHAS POLÍTICAS



A campanha política está no ar. Começa, pouco a pouco, a ganhar as esquinas, as conversas, as mentes das pessoas.

Será um embate duro entre duas forças que só aparentemente se parecem: PSDB E PT.

Porque a campanha tende a nivelar a todos os candidatos por uma régua de poucos recursos: ou o que o candidato fez (seu currículo, suas realizações) ou, agora uma novidade, o que ele não fez (sua ficha limpa, ou seja, o fato de não ter problemas com a justiça).

O fato de ter ficha limpa é fundamental, claro. Mas vamos falar disso em outra ocasião. Fiquemos, por enquanto, na reflexão sobre aquilo que os analistas políticos, os entrevistadores e o próprio programa eleitoral obrigam que o candidato diga e propague e enalteça: suas realizações.

É como se o povo só soubesse votar por este diapasão: o que ele fez para mim ou para minha comunidade? Ou seja, cai-se sempre no voto pragmático, no voto simplista, no voto da vantagem pessoal ou social.

Depois, vêm a público os mesmos analistas políticos para dizer que os partidos no Brasil não têm ideologia, não se distinguem uns dos outros. E que todos os políticos prometem sempre as mesmas coisas.

Ora, se eles são obrigados a repetir como mantras malditos o que vão fazer, o que vão realizar, caso contrário a mídia vai deixar bem claro que fulano não tem experiência ou que sicrano nunca exerceu cargos públicos em detrimento daqueles que, às vezes às custas de muita maracutaia, realizaram obras e mais obras inúteis quase sempre, eleitoreiras sempre.

Bem, esse paradigma idiota do “rouba, mas faz” parece permear definitivamente a campanha política. E estão aí vários políticos absolutamente podres a confirmar minhas palavras.

No entanto, há uma parcela da população (dentre a qual eu me incluo) que que está se lixando para os “fazedores” de obras, e sim muito mais preocupados com a ideologia dos candidatos.

Sim, caro amigo ou amiga que me lê: a ideologia.

Há coisas que todos têm de fazer: administrar e melhorar as condições de vida dos cidadãos. Há, no entanto, “n” maneiras de se fazer isso. E aí é que entra a tal da ideologia.

Um exemplo bem simples, até mesmo fora do escopo da atual campanha, para que, pelo menos neste artigo, não revelemos preferência por tal ou qual partido: dois candidatos podem prometer tirar os mendigos da rua. O eleito da ideologia “x” cumprirá sua promessa expulsando todos os mendigos da cidade, exportando-os para outros lugares, impedindo que permaneçam nas ruas, intimidando-os com a arcaica lei da vagabundagem etc. O eleito da ideologia “y” cumprirá sua promessa construindo albergues, ou dando aos mendigos algum tipo de trabalho comunitário, como coleta de lixo ou jardinagem nas áreas públicas, procurando saber os motivos de sua vida na rua e tentando dar-lhes algum apoio para mudar, enfim, através de alguma ação social.

Ambos cumpriram sua promessa ao final de algum tempo. O custo social, no entanto, é obviamente muito diverso.

É isso o que eu chamo de ideologia.

E essa ideologia é que deve pautar o meu voto e o voto de muita gente. Não o utilitarismo de quem fez mais estrada ou mais viaduto. Porque obra é fácil fazer. O difícil é fazer a obra certa, no lugar certo, da forma certa, para beneficiar as pessoas certas e não apenas aos empresários ou construtores.

Por isso, eu disse no começo: será um embate duro entre duas forças parecidas. Porque, na verdade, PT e PSDB são forças absolutamente opostas na ideologia, no modo como as coisas vão ser feitas ou continuarão a ser feitas.

E caberá a nós, eleitores, escolher o que queremos para o nosso País. Com base na ideologia, não no pragmatismo.