agosto 11, 2009

POR QUE MORREMOS E POR QUE MATAMOS, NO TRÂNSITO?

Uma vez, dentro de um táxi, em São Paulo, conversava com o motorista a respeito do trânsito, dos acidentes, da irresponsabilidade. A certa altura, soltou ele esta pérola, a respeito de pedestres:

- Mas tem pedestre que é folgado, merece ser atropelado!

Respirei fundo e argumentei com ele que, por mais “folgado” ou errado que fosse o pedestre, ninguém tinha o direito de, por isso, jogar um veículo de aço de uma ou mais toneladas sobre ele, que tem, sei lá, sessenta ou oitenta quilos de carne e ossos.

A conversa morreu aí. Acho que o cara ficou com vergonha de continuar o papo.

Não é só esta a mentalidade de nossos motoristas. Quando, ao volante, as pessoas se transformam em seres superpoderosos, a desafiar a lei, as regras, a abusar da sorte, sem se preocupar com os demais motoristas ou com as demais pessoas que usam a via.

Regras de trânsito, para muitas pessoas, existem para serem desrespeitadas. Depois, quando têm acesso à mídia, reclamam da famosa “indústria de multas”.

No trânsito, provocam acidentes os que são irresponsáveis. Os que acham que estão sozinhos no mundo ou não têm respeito pela própria vida e pela vida das outras pessoas.

Se eu desrespeito uma sinalização de trânsito, estou assumindo, de forma consciente, que posso provocar danos. Que estou colocando em risco a vida de outras pessoas. Então, não é possível que aquele que mata no trânsito não receba punição exemplar.

O mínimo que se espera de quem assume o risco é que pague por ele. Mesmo que não seja a pena de prisão, que seja o banimento para sempre desse motorista de nossas ruas e que indenize de tal forma a vítima que nunca mais se esqueça do que fez.

O que não podemos é continuar com o comportamento complacente de que acidente de trânsito com vítima se pune com meia dúzia de cestas básicas. Porque isso é incentivar o desrespeito às leis e desafiar a nossa razão.

agosto 08, 2009

RENÚNCIA DOS 81 SENADORES

Fora, Sir Ney! E daí?

Se ele renunciar, mesmo que ao mandato, o que acontecerá?

Nada. Absolutamente nada. Outro igual ou pior que ele assumirá a cadeira ou a presidência do Senado. E tudo continuará na mesma.

E ele voltará na próxima eleição. Ainda mais forte. Nos braços do povo do Amapá, do Acre, do Maranhão ou de qualquer outro estado onde possa colher votos à custa de... deixa pra lá!

Se todos os 81 senadores renunciarem ao mandato? O que acontecerá?

Nada, absolutamente nada.

Porque 81 suplentes sem voto assumirão os seus lugares e continuarão a fazer a mesma coisa que os titulares fizeram até agora. Não vai mudar nada, absolutamente nada.

E, nas próximas eleições, a maioria estaria de volta, mais forte ainda, nos braços do povo, que vota no mais simpático, no que grita mais, no que denuncia mais, no que olha melhor o rabo do outro para esconder o seu próprio.

Enfim, não mudaria nada. Absolutamente nada.

Acabar com a reeleição indefinida de políticos é uma medida mais do que necessária para acabarmos com a casta de privilegiados que fica no poder ou à sombra dele por décadas e décadas.

Há, por esse Brasil afora, vereadores e deputados estaduais eternos, vitalícios. Ficam na política rasteira de pequenos favores a eleitores durante a vida toda, colhendo a mordomia dos pequenos poderes, à custa de verbas de representação e outras. Inúteis, inúteis como a gravata que usam para discursos vazios, nas Câmaras.

Há, nesse Brasil, deputados federais e senadores eternos, vitalícios. Ficam na política mais ou menos rasteira de favores aos eleitores, através de escritórios de representação que prestam pequenos serviços, que deveriam ser fornecidos pelos órgãos públicos, e trocam seus votos na Câmara ou no Senado por verbas e um pouco de poder. Inúteis, como os ternos bem cortados que usam para frequentar os gabinetes do poder.

Todos eles, senadores, deputados estaduais e federais, vivem da chantagem do poder executivo. Porque só assim podem se reeleger e se reeleger e se reeleger.

Todos os Governadores e o Presidente da República, não importa o partido, são reféns dessa corja que não tem compromisso algum com a coisa pública, com o povo, mas apenas com a possibilidade de deter um pouco do poder que possam adquirir com a barganha de seu voto e de nossa miséria e ignorância.

É claro que exagero. É claro que pode haver políticos bem intencionados. Mas são minoria. E logo que se acostumam, através de sucessivas reeleições, com os mecanismos do poder e com as mordomias do poder, esquecem as boas intenções, consumidos pela mesquinharia da política suja do dia a dia.

É claro, também, que só acabar com a reeleição não é suficiente para que tenhamos verdadeiros representantes a se preocupar com nossos problemas nos diversos níveis de parlamento dessa nossa incipiente democracia.

Não, só isso não resolve.

Mas, que seria um grande passo, disso não tenho a menor dúvida.

Então, acabar com a reeleição sucessiva de vereadores, deputados estaduais e federais e senadores não é nenhuma panacéia para nossos problemas, mas é uma luta legítima e importante para aperfeiçoamento democrático.

Compre essa idéia. DIGA NÃO À REELEIÇÃO! Porque não vai adiantar nada, absolutamente nada, tirar o Sir Ney da Presidência do Senado ou, até, levar a que renunciem todos os 81 senadores.

Porque eles voltam. Sempre voltam. Se não eles mesmos, mas seus filhos, genros, noras, netos, afilhados, agregados...