abril 24, 2010

O CRISTIANISMO E A PEDOFILIA






Mesmo com todas as denúncias e, até mesmo, uma pequena revolta da chamada opinião pública ou a cobertura indignada de algumas mídias, ainda se está sendo muito condescendente com o papa pedófilo que mora naquele palácio imenso, na Itália, cercado de todas as mordomias possíveis, num lugar chamado Vaticano.

O cristianismo e seu maior representante – a igreja católica apostólica romana – acumularam crimes contra a humanidade desde os tempos de Paulo, o seu verdadeiro fundador. Porque o cristianismo não era nada, antes dele. Apenas uma seita de fanáticos que se vangloriavam de servir de comida aos leões nas arenas romanas, em nome de uma fé absurda em princípios religiosos judaicos, reformulados por um profeta que, segundo se diz, morreu crucificado entre dois ladrões. O cristianismo tomou forma graças a Paulo, de Tarso chamado, um soldado romano convertido e pervertido, pois odiava todas as mulheres.

Daí em diante, a história do cristianismo católico é só uma sucessão de crimes, de genocídios, de guerras, de torturas. Contra todos os que se opuseram aos seus princípios. A famosa inquisição, por incrível que pareça, é olhada hoje como um mero fato histórico, como se todas as barbaridades praticadas pelos sacerdotes católicos contra judeus, contra heréticos de toda espécie e, especialmente, contra as mulheres fossem página virada de um falso folhetim.

Assassinaram mais de cem mil mulheres, durante a famosa inquisição, apenas porque as mulheres eram, primeiro, alvo fácil de sua sanha odiosa contra aquela que é considerada a culpada pela queda do homem e, segundo, porque a violência contra a mulher tem requintes de perversão sexual. Com certeza, muitos padres e bispos deviam se masturbar sob as amplas vestes sacerdotais enquanto assistiam à queima na fogueira das bruxas que eles torturaram sadicamente nos calabouços das igrejas e condenaram à morte, por luxúria, por pacto com o diabo ou por qualquer motivo.

Se Paulo odiava as mulheres, procurou disfarçar esse ódio com a repulsa ao sexo. E a igreja católica romana cresceu e se organizou como uma instituição exclusivamente masculina e, pior, como um ideário de condenação total ao ato sexual como fonte de prazer e como algo da natureza humana. Sexo só para procriação. Ou seja, a seguir a cartilha católica, os praticantes deviam fazer sexo apenas no período fértil da mulher, com a única finalidade de engravidá-la. E mate-se o desejo! E reprimam-se todas as forças naturais da sexualidade humana!

Assim, a mais que imbecil regra de celibato dos sacerdotes católicos, muito além de evitar que divisões testamentárias fragmentassem o patrimônio da igreja, tem por objetivo deixar bem claro a todos a repulsa ao sexo que emana do Vaticano.

No entanto, homens são homens. E têm desejos. E poucos, muito poucos, conseguirão realmente sublimar esse desejo. Fechados em longos anos de internamento em seminários anti-naturais, não é preciso muita imaginação para chegar à conclusão do que ocorre por trás de seus muros, quando os hormônios adolescentes emergem nas longas madrugadas de solidão. E também não é preciso pensar muito para imaginar os confessores, os diretores, os professores, todos padres, a se esbaldarem na carne jovem de seus pupilos.

E o uso do cachimbo faz a boca torta.

Portanto, não é um problema de homossexualismo, possivelmente quase normal entre os sacerdotes católicos, que os leva à pedofilia e ao abuso de jovens leigos em quase todas as paróquias. Porque, até agora, que eu saiba, nenhum padre, nenhum bispo ou cardeal fizeram qualquer denúncia de abuso sexual, durante seus anos de reclusão nos seminários do mundo todo. O abuso de jovens leigos é uma consequência natural de um hábito arraigado, que dificilmente será abolido por qualquer medida que o papa – também ele, com certeza, envolvido na mesma teia – venha a tomar. Suas lágrimas e seus pedidos de perdão são lágrimas de jacaré, são apenas um meio de comover e, mais uma vez, chantagear a opinião pública, sempre pronta a esquecer os crimes que a igreja comete, como já quase se esqueceram da inquisição e do mal que ela fez à humanidade.

Não dá, portanto, para ser condescendente com os pedófilos religiosos – agora, na berlinda, os sacerdotes da igreja católica, mas não se pode deixar de pensar que deus é fiel não apenas aos papistas mas a todas as outras seitas que se dizem cristãs. Que a opinião pública se escandalize e não poupe aqueles que abusam de crianças, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. E que, feito o pedido de perdão, pode ser mais crime a ser esquecido.

O perdão é só mais uma invenção cristã, para fugir ao pagamento da pena, que é relevada ou deixada para ser cumprida nos quintos dos infernos, pelos pecadores mais renitentes, já que os que pedem perdão são sempre perdoados. E vão para o céu.

Assim, não nos iludamos: nada de deixar com deus a obrigação de punir os pedófilos. Queremos, nós mesmos, como sociedade que não admite que crianças sejam abusadas, mandar para a cadeia todos, absolutamente todos, os pedófilos, sejam da igreja católica ou de suas subsidiárias!
(Ilustração: Clovis Trouille - l'enfer de Sade)

abril 04, 2010

O LIXÃO D’O ESTADÃO



Há muitos anos, quando surgiu o JORNAL DA TARDE, da empresa jornalística dos Mesquitas, um amigo meu decretou: é o lixão do Estadão. É onde eles publicam tudo o que não têm coragem de publicar no O ESTADO DE S. PAULO. Um pouco de exagero, claro. Mas...

Agora, os editores do tradicional e autodenominado quatrocentão da “família paulistana de quatrocentos costados”, repaginaram o vetusto jornal, para adaptá-lo aos novos tempos e à ameaça de total obsolescência ante as novas mídias, principalmente a Internet.

Até aí, tudo bem. Sempre se lamenta quando um órgão tradicional da velha imprensa se vê obrigado a encerrar suas atividades. Torço para que as cassandras do fim do jornalismo impresso estejam erradas e que, assim como o rádio sobreviveu à televisão, o jornalão também sobreviva a esses tempos eletrônicos.

Porém, ah, porém, como quase abertamente declarado participante do PIG – o PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA (aquela que é contra o atual governo constitucional do País e desejou desde o primeiro dia a deposição do Lula) – hoje, 4 de abril de 2010, o ESTADÃO brinda seus leitores com o lixo do lixo da imprensa golpista: uma foto de página inteira do caderno “Aliás” do ex-presidente FHC, além de uma longa entrevista com o dito cujo, como se fosse ele o ideólogo-mor, o grande filósofo, o avatar das grande política brasileira.

Têm os Mesquitas o direito de publicar o que quiserem. Só não me neguem o direito de chamá-los de idiotas do conservadorismo, de golpistas e ressuscitadores de velhas ideias e mais velhos ainda ideais.

FHC está morto, enterrado!

Deixem-no em paz em seu túmulo. Que ele já fez mal demais a esse País, com seu governo – ou seria desgoverno – de oito anos de atraso, de roubalheira não investigada, de venda do patrimônio público, de demolição do Estado, de desemprego desenfreado – que o coloca entre os piores presidentes que o Brasil já teve em todos os tempos, incluindo aí até mesmo o período ou os períodos de ditadura. Porque – o que mais grave – estávamos numa época de liberdade e democracia, e mesmo assim o senhor FHC, com a conivência dessa mesma imprensa que ainda o endeusa, teve uma administração de total calamidade para o povo brasileiro, atrasando em oito anos o desenvolvimento sustentável desse País.

Mesmo que digam o contrário, não há nada mais diferente do que a administração Lula do governo desse senhor. Se os princípios macroeconômicos são os mesmos, é porque são princípios que, contrariados, dão no que já tivemos a oportunidade de ver durante as péssimas administrações do Sarney e do Collor, com seus planos mirabolantes de tentativa de contenção da inflação.

Lula conduziu e ainda está conduzindo o País para um estado de excelência que nunca antes na história desse povo se obteve. Lula é o primeiro grande passo para a emancipação total do Brasil de seu estado de letargia, de pobreza e de complexo de vira-latas em relação aos países desenvolvidos, principalmente com o desalinhamento de sua política externa – tanto diplomática quanto econômica – do “grande irmão” do Norte que, de irmão, nunca teve nada, a não ser o interesse de manter sob sua batuta os países da América do Sul, aos quais sempre olhou com desdém.

Então, senhores editores de O Estado de S. Paulo, poupem minhas diatribes: deixem em paz o morto, que ressuscitá-lo, como os senhores teimam em fazer, a cada edição vergonhosa como esta, só presta mesmo para atiçar os ânimos da tucanada invejosa e animar ainda mais os neoliberais de plantão, dispostos a tomar de novo o poder, sob as vistas mais do que grossas do PIG!

abril 01, 2010

O PAPA E A PEDOFILIA



A noção precisa de que a criança é um ser em formação e, portanto, especial, que depende de uma série de cuidados para se tornar um ser humano íntegro e integral, é muito recente. Talvez coisa de depois de Freud ou dos estudos mais avançados de educação, psicologia, sociologia etc.

A noção primitiva da criança era de um adulto pequeno e que podia, portanto, ser tratada como tal. Assim, justificavam-se todas as perversões e todos os maus tratos praticados contra elas, as crianças, desde o comércio escravo até o seu uso como grumetes nos navios que percorriam os mares. E grumete, na maioria dos casos, era só um eufemismo para a prática da pedofilia pelos marinheiros que ficavam muito tempo em alto mar.

Desde Grécia e Roma, adolescentes eram devidamente educados para práticas homoeróticas de seus amos ou de seus preceptores. Não há nada de novo, portanto, na recente onda de denúncia de pedofilia por parte da Igreja Católica Romana.

O que assusta, na verdade, é hipocrisia do prelado católico no trato da questão. Eles sempre souberam e praticaram a pedofilia e o homossexualismo. Essa era a regra. E são poucas a s exceções.

Nos confinamentos dos seminários, é impossível que um grupo de jovens na idade do afloramento de todos os hormônios consiga impedir o livre curso da natureza com rezas e admoestações. Principalmente porque todo pecado, se confessado, termina com o perdão, depois da devida penitência. Então, entre si, nada incomum que seminaristas jovens se dedicassem ou à masturbação ou a práticas sexuais mais avançadas. Nada demais até aí.

A coisa começa a complicar quando os preceptores adultos entram em cena, para abusar desses jovens, quando eles declaram seus “pecados” no segredo da confissão. Muito fácil, para esses pedófilos – e aí, não se pode dar outro nome: criminosos e tarados – se aproveitarem da situação para o abuso. Se todos ou quase todos praticam, o mais certo é que todos tenham conhecimento dos fatos. Impossível ignorá-los.


Portanto, não se pode tratar a pedofilia eclesiástica como exceção. O papa foi seminarista e ascendeu a todas as posições da igreja. Dizer que ignora o que acontecia e acontece sob os cobertores dos seminários e dos conventos é, simplesmente, hipocrisia. Ou então ele é burro demais para não ter percebido o que se passava sob seu nariz.

Solução? Não há, pelo menos não no curto prazo. Porque a extirpação de práticas sociais arraigadas – neste caso, a pedofilia – demanda tempo e conscientização. Mesmo que a igreja decretasse o fim desse absurdo que é o celibato clerical, isso não seria ainda garantia de que a pedofilia seria nesse mesmo momento totalmente extirpada. Porque há ainda uma outra prática absurda - o confinamento de adolescentes por longos períodos em seminários, colégios internos e conventos – a favorecer todo tipo de práticas que, embora condenadas em público, são impossíveis de serem impedidas no particular.

Além disso, precisaria a igreja católica e todas as demais religiões deixarem de demonizar o sexo. E isso é, sim, um dos conceitos mais arraigados nessas instituições e, por isso, de mais difícil extirpação. Porque vem de tradição muito mais antiga, decorrente dos mitos de criação e de formas de dominação de grandes grupos por parte dos líderes, ou seja, ao criar o medo do inferno pela prática do sexo fora do consentimento desses líderes, torna-se muito mais fácil controlar o rebanho e dele obter as benesses que estão acostumados a receber, como poder, dinheiro, condição social e outras coisas mais.

Conclusão: o papa, a igreja e todas as demais religiões têm culpa, sim, no cartório, com relação ao crime de pedofilia. E esse crime só poderá ser amenizado e extirpado quando se conscientizarem de que sexo é uma força da natureza, fonte tanto de prazer quanto de continuidade da raça humana e não tem nada de pecaminoso ou demoníaco.

E isso vai levar tempo...


(Ilustração: papa bento xvi - desenho de Bapstitão, segundo meu amigo Toni d'Agostinho, a quem agradeço)