abril 16, 2009

POR QUE SÃO SEMPRE OS MESMOS?

Já está ficando cansativa esta história, mas vamos lá: por que não se renovam nossas casas legislativas (Congresso, Assembleias e Câmaras)?

Porque o povo vota sempre nos mesmos candidatos.

Não, isso é simplismo. É reduzir um problema complexo a um só culpado, o povo.

Precisaríamos, talvez, para uma resposta razoável, pesquisar a história, a sociologia e artes de comunicação, além de filosofia e sei lá quantas outras disciplinas ou ciências.

Não é nosso objetivo, nesse breve artigo, nem nos estender muito nem elucubrar grandes teorias. Nem por isso, vamos ficar no simplismo de culpar apenas uma das pontas da causa.

Mas vou levantar, além das hipóteses históricas (clientelismo, reeleição, partidos políticos sem representatividade, conservadorismo etc.) a hipótese da manipulação do povo pelos meios de comunicação. Não é, de forma alguma, o único motivo de votarmos sempre nos mesmos, mas é apenas um desses motivos. E um bom motivo, sem dúvida.

Pode-se manipular a vontade do povo?

A resposta é: sim, pode-se e não apenas se pode como se manipula o tempo todo a vontade do povo através dos meios de comunicação (e nem vou falar dos nazistas...).

A grande imprensa teve seu boom no século XIX: basta ler Balzac (principalmente As Ilusões Perdidas) que odiava jornais e jornalistas, porque os considerava manipuladores e sem escrúpulos.

A grande imprensa (jornais e revistas) ganhou a companhia de outros meios (rádio, televisão, internet...) e ganhou ares solenes, com tentativas de código de ética e outras formas de passar a imagem de isenção. Tudo bobagem: não há mídia isenta.

A melhor resposta que conheço para a pergunta: por que nos comunicamos? – é, sem dúvida, esta: comunicamo-nos porque queremos influenciar o outro. Todo processo de comunicação humana está centrado neste aparente egoísmo: eu falo (ou escrevo...) porque quero influenciar alguém.

Assim, a mídia moderna existe para influenciar a nós, seus consumidores. A grande sacada moderna é haver dezenas, centenas, talvez milhares de comunicadores, com visões diversas da realidade, a tentar influenciar-nos com suas idéias (como estou eu fazendo agora a uns poucos que me leem).

No entanto, pulverizados em centenas e milhares, os comunicadores na verdade nada comunicam e nada influenciam. Só o fazem quando concentrados em grandes meios (redes de televisão, de rádio ou de jornais e revistas). E esses estão todos tentando passar a visão de seus fundadores que, por sua vez, dependem de seus grandes anunciantes.

E quem são os grandes anunciantes que, no frigir dos ovos, mandam na grande mídia? Bem, esses todo mundo sabe quem são: estão aí nas grandes Federações de indústria, de comércio, de bancos...

E pensam todos do mesmo modo (embora até divirjam nos detalhes): manter o status quo, para que seus lucros não sofram abalos. Ou seja, são... conservadores (mesmo que tenham visões espetaculares de modernidade, de futuro etc.). Só confiam em pessoas que comunguem seus interesses.

Vai daí que os empresários dos meios de comunicação (que também são conservadores, senão não seriam empresários) são financiados, custeados, mantidos pelos conservadores banqueiros, donos de indústrias, grandes comerciantes, fazendeiros, importadores, exportadores, donos de agronegócios (novo nome para os velhos latifundiários) etc... E todos sabemos qual é a verdadeira ideologia dessa gente.

E o que tem a ver a ideologia dos empresários (tanto donos dos grandes conglomerados de comunicação quanto seus fiadores) com a eleição dos mesmos políticos sempre?

De uma forma declarada ou sutil, os políticos são eleitos com a grana dessa gente, com o apoio dessa gente. Eles é que são os grandes eleitores, não o povo, que elege, sim, seus representantes, mas em muito menor número do que os representantes dos empresários, da gente que tem grana e que realmente manda no País.

Por isso e por muitos outros motivos, mas principalmente por isso, votamos (levados pela vontade dos senhores, sutil ou declaradamente apoiados pela mídia conservadora) sempre nos mesmos. Porque são confiáveis para quem os patrocina e financia.

Abram-se parênteses: você já pensou como ganha fácil uma eleição gente que trabalha na televisão? Vide o falecido Clodovil: teve a maior votação para deputado em São Paulo. Por que será? E olhe: nem estou julgando o valor de a ou b ou c... eu, hem? Fechem-se os parênteses. Ponto.

Assim, acabar com a reeleição?

Nem que a vaca tussa, voe e faça outras peripécias. Temos que engolir os mesmos, sempre os mesmos, ainda que alguns de nós votemos (e às vezes elegemos) alguns outros, até com boas intenções, mas que, para sobreviver, acabam quase sempre aderindo ao clube e tornando-se também eles os mesmos, sempre os mesmos... Sempre!

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