outubro 14, 2009

CHARLES DARWIN: MIRE E VEJA!

Cientistas que amamos amar: Galileu, Freud, Einstein, Newton... E muitos, muitos outros. Difícil escolher aquele que deu a maior contribuição à humanidade. Difícil dizer qual é o mais... mais o quê? Não sei. As ciências são tão várias, tão imenso é o poder do conhecimento, tão grandes as idéias que mudaram o mundo...

No entanto, se me fosse designado indicar (e eu o faço, mesmo não tendo esse poder, talvez até com um pouco de arrogância... mas, e daí?) o cientista que mais contribuiu para a evolução do pensamento humano, eu não hesitaria em gritar, bem alto: CHARLES DARWIN.

Certo, há teorias e descobertas que tiveram impacto imediato, ou quase, em nossas vidas. E nem é preciso citá-las, num mundo em que a toda a tecnologia existente (da luz elétrica à bomba de hidrogênio) nasceu de teorias de homens como os citados acima, além de muitos, muitos outros. E toda essa tecnologia bate em nossos sentidos a cada minuto, presente em cada passo ou gesto que faço, como o simples digitar desse texto numa tela de computador ou o ato de abrir a geladeira e tomar um iogurte. Ou de calçar os chinelos ou respirar o ar refrigerado do escritório.

Somos, no século XXI, o homem tecnológico.

No entanto, o cientista que abre as cortinas das trevas do pensamento humano, com a gentileza de um dândi, de forma um tanto indireta, mas precisa e cirúrgica, numa prosa de poeta da natureza, é Charles Darwin.

Por quê?

Porque desmistifica a criação, tira do altar todos os deuses, abre as portas do conhecimento da natureza e, dentro dela, do conhecimento do homem em estado puro, não contaminado pela metafísica, pelas teorias divinatórias que o condenam a ser um excremento de divindades inúteis.

No pensamento de Darwin, não há paraísos criados pela imaginação; não há pensamentos mágicos; não há explicações teológicas nem teogonias; não há nada além do movimento lento, aleatório, mas preciso das forças naturais que, ao longo de milhões de anos, chegaram àquilo que parecia o milagre de um ser misterioso, mas é só a vida. A vida e nada mais.

E no centro da vida, nem está o homem.

Para Charles Darwin, somos nós, os homens, apenas um momento desse grande relógio que, a cada segundo (que se conta em milhares de anos), se modifica, se transforma e segue para um destino que não sabemos aonde vai dar, mas que pode, a partir do momento em que começamos a dominar as demais forças da natureza, com a ajuda de milhares de outros cientistas, começar a ser controlado por nós.

Deu Charles Darwin ao homem o poder de decidir. Deu-lhe a chave da vida. Ao mesmo tempo, deu-lhe a humildade de pensar que é, apenas, parte de todo o mecanismo da vida, não o seu senhor nem sua criatura arrogantemente solitária, fruto da vontade de um deus.

Nenhum outro cientista conseguiu modificar forças tão poderosas quanto as que mantêm o homem na ignorância de sua origem e de seu destino. Por isso, ainda veem o velho navegador do Beagle com desconfiança, alguns; com ódio, outros; porque suas idéias, bem estudadas e bem compreendidas, transformam e redirecionam, para sempre, todo o pensamento do homem.

Assim, Charles Darwin não é apenas o cientista que descobriu que somos fruto da evolução das espécies, mas o exegeta supremo de toda a filosofia humana. Mas isso, só aos poucos, muito lentamente, iremos todos perceber. Porque ele, o dândi, o elegante Charles Darwin, apenas entreabriu a cortina e nos disse, como diria Guimarães Rosa: mire e veja!

Um comentário:

aDesenhar disse...

Quanto a Charles Darwin, o Isaias Edson foi bem claro e resta-me apenas dizer que, ainda há quem premeditadamente e ou por razões que a própria razão desconhece, não queira ver o óbvio.
:-)

...................
aproveito para lhe comunicar
que já fiz a devida correcção ao meu post sobre a Poesia Matemática de Millôr Fernandes.
O seu a seu dono.
Obrigado pelo reparo.

abraço

nota:vou desde já linkar o seu blog Veneno de Cobra XXI
:-)