junho 25, 2024

DELENDA EST CAPITALISMO: OUTRO CAMINHO NÃO HÁ

 

 

Pyramid of capitalist system, 1911

Não preciso historiar o quanto o capitalismo tem sido perverso para a humanidade, principalmente a partir da chamada revolução industrial: muitos filósofos e historiadores já o fizeram. E com muita competência. Vamos tentar, então, olhar para o futuro: como começar a desmontar esse tecido inconsútil que cobre a consciência humana, chamado capitalismo e seus efeitos mais do que comprovadamente adversos?

Não se trata, aqui, de defender essa ou aquela ideologia. Trata-se de algo bastante óbvio, tão óbvio que os seres humanos não o enxergam: ou acabam com o capitalismo e seu filho dileto, o consumismo, ou não haverá futuro. Seremos dinossauros sem cometa. Responsáveis por nossa destruição graças a nossa estupidez, já que temos a condição de racionalidade suficiente para percebermos o perigo que ronda a nossa espécie. E não estamos usando essa racionalidade para nos salvar. Diz-se que o desaparecimento dos dinossauros foi relativamente rápido, em termos geológicos. A destruição dos seres humanos – e de grande parte da vida sobre a Terra – poderá ser um processo de lenta agonia e sofrimento. Talvez essa longa agonia até nos salve da extinção total, mas trará muita dor e nos levará, possivelmente, para o terreno da mais absoluta barbárie, cujas consequências serão imprevisíveis, diante do esgotamento de recursos do planeta.

Assim, usemos dessa nossa decantada racionalidade para percebermos que, enquanto o planeta caminha para um aquecimento absurdo, graças à poluição e à depredação dos ecossistemas, para ganho de poucos, governos como os dos Estados Unidos e da Europa (mas muitos outros também) apostam no conflito armado, despejando bilhões de dólares em guerras estúpidas, quando esses recursos poderiam estar sendo usados para tentarmos minorar os efeitos das mudanças climáticas.

E eu pergunto: de quem é a culpa?

A resposta é mais complexa do que a que posso oferecer neste breve artigo, mas uma parte da culpa cabe a nós, que não estamos sabendo escolher nossos líderes. Em pleno século XXI, as democracias ocidentais estão caindo, pouco a pouco, sob o domínio de indivíduos estupidificados por ideologias deletérias e negacionistas. Uma espécie de neonazifascismo autodestrutivo tem corroído as mentes e nos levado para caminhos perigosos de negação da ciência, de falta de visão de futuro e de adesão ao consumismo exacerbado que está esgotando as reservas mundiais e fortalecendo a expansão das grandes corporações, que são, em última análise, a materialização do capitalismo predatório.

As atuais lideranças mundiais não estão tendo a capacidade de enxergar um palmo à frente de seus narizes: defendem posições de confronto entre as nações e de total adesão aos predadores capitalistas; são incapazes de tentar um diálogo racional entre si, para pôr fim a guerras e buscar soluções para o planeta.

As guerras e o capitalismo são irmãos siameses: a guerra alimenta o capitalismo e o capitalismo alimenta a guerra. Enquanto não se encontrar um caminho para a paz, o risco de que o capitalismo nos destrua continuará como uma ameaça permanente contra a própria condição de sobrevivência de seres vivos no planeta.

Já que a destruição completa do capitalismo, que seria a solução mais adequada ao momento e à própria sobrevivência da humanidade, não tem sido nem mesmo cogitada, que comecemos, enquanto há tempo, a escolher lideranças que possam, pelo menos, agir racionalmente e tomar providências para a solução dos problemas climáticos. Medidas fortes de contenção da poluição provocada pelas grandes empresas devem começar com um pacto entre todos os governantes, ou, pelo menos, entre as grandes nações, para taxar fortemente os lucros absurdos dessas corporações e aplicar esse dinheiro na recomposição das florestas, na despoluição atmosférica, na proteção dos rios e dos mares e, principalmente, na diminuição das desigualdades, para que as nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento não sigam a mesma política de crescimento a qualquer custo que tem sido a tônica do chamado mundo desenvolvido na sua sanha de destruição do meio ambiente provocado pelo consumismo exagerado, que só favorece o fortalecimento do capitalismo selvagem, que deve ser destruído, para não retomar suas forças destrutivas e levar de novo a humanidade para os mesmos destinos até agora trilhados.

A única ideologia defensável é a que tenha por objetivo salvar os seres humanos, através da recomposição do equilíbrio do meio ambiente planetário. E essa ideologia vai desaguar, necessariamente, na compulsória destruição do capitalismo. Outro caminho não há.




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