junho 04, 2024

DELENDA EST CAPITALISMO: A QUESTÃO CLIMÁTICA

 




O capitalismo é o sistema perverso por natureza. Nada o fará ser melhor. Enquanto os meios de produção estiverem nas mãos de uns poucos, para a exploração dos muitos milhões de seres humanos que o sustentam, com a finalidade de produtividade e lucros crescentes, o capitalismo não pode deixar de ser taxado como o grande vilão dos problemas todos de pobreza e desigualdade que assola a humanidade. E, a partir da evolução dos meios de produção e da exploração dos recursos naturais, que cresceram exponencialmente a partir da revolução industrial, acrescentamos a todos os males que se atribuem ao capitalismo a destruição do meio ambiente, o esgotamento do planeta, a emissão absurda de gases poluentes, o aquecimento global, enfim.

O planeta Terra se constitui de um complexo (e muito além de nossa compreensão atual) equilíbrio entre forças de destruição e renovação, marcando sua história ao longo dos milhares de anos por aquecimentos e resfriamentos, com períodos de extinção parcial dos seres viventes e sua recuperação natural. Fazem parte da sua história os maus humores climáticos e os períodos – todos eles geologicamente muito longos – de equilíbrio e estabilidade.

Se imaginarmos a história do globo como uma régua de 100 centímetros, a humanidade ocupará apenas alguns poucos milímetros dessa régua. E, ao que sabemos dessa história, não passamos, os seres humanos, por eras extremas de desequilíbrio climático. Ou, talvez apenas períodos mais ou menos localizados de fenômenos como erupções vulcânicas, terremotos, enchentes etc. Nada que levasse à extinção do homo sapiens que, a partir de um determinado momento de sua evolução, começa a ter consciência da vida e da morte e, por conseguinte, consciência do ambiente que o rodeia para ou “prever” catástrofes, ou escapar delas, de alguma forma. E essa capacidade foi-se aperfeiçoando até nossos dias. Hoje, somos capazes de construir modelos que nos permitem captar as modificações planetárias com bastante precisão e nos prevenir de muitos dos eventos extremos que possam nos levar à extinção.

No entanto, a partir do momento – esse momento talvez seja a revolução industrial – quando o capitalismo se constituiu e evoluiu e se tornou o que é hoje, com toda a sua selvageria e toda a sua ganância, a capacidade humana de prever e prevenir danos ao meio ambiente foi cooptada por essa bocarra imensa e luciferina a nos impedir de aplicar esses modelos e mitigar os efeitos da poluição, da exploração predatória do recursos planetários, do desmatamento e principalmente da emissão de gases que provocam o efeito estufa e o aquecimento global.

Há anos já que os cientistas, os climatologistas, os estudiosos do ambiente e da evolução do crescimento a qualquer custo dos grandes países capitalistas e industrializados e a expansão para muitos rincões da Terra dos modelos de lucratividade desmedida têm alertado para as modificações climáticas que poderão ter efeitos catastróficos para a humanidade. No entanto, nada se fez. E agora que estão batendo à nossa porta os eventos extremos que provocam calor ou frio excessivos, chuvas muito além do normal seguidas de longos períodos de seca, trazendo sofrimentos e prejuízos, por enquanto pontuais, em diversas regiões do globo, os governos de todos os países precisam pensar seriamente em mitigar os efeitos do capitalismo perverso, através de medidas que diminuam de forma rápida e drástica o aquecimento global, que poderá tornar inviável em poucos séculos a vida do ser humano na Terra.

Não se trata de salvar o planeta, mas de salvar a humanidade e seu futuro. Porque, se desaparecemos da face da Terra, juntamente com outras milhares de espécies, o planeta continuará girando em torno do Sol e, dentro de milhares de anos ou séculos, estará de novo recuperado e pronto para novas formas de vida. Possivelmente, sem os seres humanos ou com uma outra humanidade completamente diferente.

Portanto, se temos que cobrar o custo de inundações, como as que destruíram o Rio Grande do Sul, devemos buscar os culpados bem acima de governos locais estúpidos e negacionistas, que não souberam se prevenir ou aprovaram leis e medidas que ajudaram a destruir o meio ambiente: devemos cobrar essa dívida ao capitalismo mundial predatório e tentar acabar com ele, definitivamente.

Como isso não é possível a curto ou até mesmo a médio prazo, então que se tomem medidas de mitigação de danos: que se limitem os ganhos das grandes empresas e decretem que se tornem o que sempre deveriam ter sido, ou seja, de finalidade social e não de lucros absurdos para seus acionistas; que se cobrem impostos pesados dessas empresas e das grandes fortunas, para o investimento em reflorestamento, em diminuição da poluição, da transição energética e da melhoria de condições de vida das populações mais sujeitas aos eventos extremos; que se obriguem as empresas poluidoras a diminuir drasticamente suas emissões sob pena de cessação imediata de suas atividades. E outras tantas medidas que possam sair da capacidade dos seres humanos – a única espécie responsável por seu próprio destino – de estabelecer modelos que nos tirem dessa enrascada, pagando o devido preço por isso, o que não será, absolutamente barato para a economia global.

Mas, que se dane a economia! A sobrevivência da espécie humana e de milhares de outras espécies vivas do planeta está acima de qualquer preocupação econômica. E o tempo ruge e urge!

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