outubro 30, 2012

O "MENSALÃO" E O PT





Agora que as eleições já passaram e os vitoriosos comemoram e os derrotados choram, vou deixar, aqui, registrada a minha opinião pessoal (desculpem a redundância, mas às vezes isso se torna necessário) sobre o tal do "mensalão".

Não conheço pessoalmente nenhum dos envolvidos no tal escândalo, nem lhes devo qualquer favor ou queira deles alguma coisa além daquilo que eles já v
iveram, em termos de história, nesse País. Também não tenho nenhuma procuração para defendê-los. Nem esse é, exatamente, o meu propósito.

O que eu quero dizer é que nem sempre aquilo que parece realmente é. A História está prenhe de pequenas e grandes injustiças cometidas por tribunais muito mais solenes e muito mais vetustos do que nosso Supremo Tribunal Federal.

Não me entusiasmo com o nome pomposo de "supremo", porque dele fazem parte homens e mulheres que, apesar de toda a sapiência acumulada em anos de estudo, apesar da solenidade na envergadura da toga, apesar da linguagem erudita e empolada, são apenas seres humanos, falíveis como todos nós.

Homens e mulheres investidos da tarefa de julgar têm - repito - cometido mais injustiças do que possamos imaginar. Basta consultar os livros, basta pesquisar por aí, basta ter olhos para ver e ouvidos para ouvir. E a História tem, sistematicamente, ignorado os nomes dos juízes cujas penas foram absurdas na condenação de inocentes, e exaltado o nome dos que foram injustiçados. Porque assim se faz a História.

Não acredito na inocência absoluta dos réus do processo denominado "mensalão", porque não há inocentes absolutos sobre a Terra. Mas acredito que os crimes a eles imputados são muito mais fruto de uma bem urdida trama de inimigos, do que realmente uma conspiração quadrilheira para assaltar os cofres públicos. Sinto muito em dizer que um tribunal que se arvora o direito não apenas de julgar conforme as provas que existam nos autos, mas também o dever de vingar, seja em nome da sociedade que representa, seja em nome de princípios, seja em nome de uma pretensa e total independência, não faz jus ao nome pomposo que ostenta.

Por isso, por esse "espirito vingativo" de que está imbuído o nosso "supremo", acuado pela mídia totalitária e também vingativa a açular a opinião pública, sinto no ar o cheiro azedo de uma injustiça a caminho, mesmo que me acusem de defender o indefensável, de acreditar em duendes e papai noel.

Um julgamento, para ser honesto, de acordo com aquilo que manda a lei e a lógica da lei, tem que dar aos réus a prevalência da dúvida e não o contrário.

Um julgamento, para ser honesto, de acordo com aquilo que manda a lei e a lógica da lei, não pode ser decidido de forma terminal por uma úncia corte, tem de haver o legítimo direito ao recurso.

Um julgamento, para ser honesto, de acordo com aquilo que manda a lei e a lógica da lei, não pode ocorrer como espetáculo midiático, para agradar a quem que seja, nem com o intuito de servir como "exemplo para a sociedade". A sociedade tem seus exemplos em outras manifestações que não numa corte. A corte existe para julgar, não para exemplificar.

Enfim, que me apedrejem os idiotas do imediatismo, os sectários do moralismo e do ódio partidário, os ignorantes do verdadeiro senso de justiça ou todos aqueles que, por uma razão ou outra, advogam a máxima cínica "para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei", que, para todos esses eu direi: que se espere o juízo da História, antes que se acendam de novo as fogueiras.


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