outubro 19, 2010

EU TENHO O PRIVILÉGIO!




Já disse uma vez, e repito, agora: quando Lula foi eleito Presidente, eu tive uma das maiores emoções da minha vida, como cidadão brasileiro. Houvera apenas dois outros momentos tão fortes, em termos cívicos: o comício de um milhão de pessoas no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, pelas diretas e, depois, o processo de democratização que culminou com a morte de Tancredo Neves e a posse de Sarney.

Mas, a posse de Lula trazia preocupações terríveis. Terminará o mandado? Ou melhor, deixarão que ele termine o mandato? O cheiro de golpe sempre pairou no ar, durante os primeiros anos de Lula. Como a esquerda (bem moderada, aliás) defenestrara o Collor, o ungido da Globo e de uma certa imprensa que hoje denominamos PIG (Partido da Imprensa Golpista), acreditava que buscariam pretexto para também afastá-lo da Presidência.

Foram anos difíceis. Inventaram mil histórias. Que atingiram até mesmo o homem forte de Lula, José Dirceu, no episódio marqueteado do chamado “mensalão”. Os odiados (por essa mesma mídia) companheiros do PT de Lula souberam, muitas vezes, sacrificar-se pelo líder maior, porque sabiam que era mais importante o projeto de governo, o desenvolvimento do País. Porque o Brasil precisava, sim, de um homem como Lula, para afastá-lo da beira do abismo em que o deixara o queridinho da direita, o scholar e “preparado” Fernando Henrique Cardoso.

E Lula, como bom marinheiro, tocou o barco devagar, no meio daquela fumaça toda, que o PIG articulava e martelava diariamente na cabeça das pessoas. O objetivo era claro: tirar o operário da Presidência, ou por um processo de impeachment, ou pelas urnas, nas próximas eleições. Deram dois tiros no pé: o primeiro, ao não acreditar na capacidade administrativa de Lula, no seu governo realmente voltado para melhorar as condições de vida do povo; o segundo, quando brigas internas da direita demotucana colocaram como adversário de Lula, nas eleições, um homem sem carisma, um quase nada político, chamado Geraldo Alkmim. Assim mesmo, o PIG levou as eleições para segundo turno, para ter a surpresa de ver minguarem os votos do seu queridinho.

E os quatro anos seguintes do mandato de Lula foram de consolidação de um novo modelo de gestão, de governo voltado para os reais interesses do País, num clima de democracia tal, que o PIG ainda tentou e tentou inúmeras vezes desmoralizar o Presidente. Tudo inútil. Como se cantava na época das diretas, o povo não é bobo. E a popularidade de Lula alcança píncaros jamais sonhados ou imaginados pela mídia adversa, pelas cassandras que escondem seus signos fascistas sob o manto de democratas e frequentam redações de jornais e revistas ou comandam jornais televisivos.

Então, eu devo confessar que, do alto meus muitos anos de vida, tenho o privilégio ter vivido durante os oito anos de Presidência de um homem probo, inteligente, carismático, que fez o melhor governo de toda a história da República, sem sombra de dúvida. Acima, até, de Juscelino Kubstcheck, talvez o mais democrata de todos, mas que não teve a possibilidade de consolidar o seu governo, porque não havia reeleição. Lula está de fato tirando o País do estigma de “gigante adormecido” e colocando-o como o país das grandes oportunidades do presente.

Lula, o metalúrgico, aquele cujo primeiro diploma foi o da presidência da República, como ele mesmo o disse na primeira posse, agora é doutor, doutor em política, doutor honoris causa do povo brasileiro. Sairá da Presidência aclamado e não pelas portas dos fundos, nem com a popularidade em queda, mas como talvez um dos grandes estadistas deste século que está mal começando.

Por isso, repito, tenho, sim, o privilégio de ter vivido esse tempo. O tempo de Luiz Inácio Lula da Silva, o metalúrgico que reinventou uma nação.

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