março 24, 2009

ENFIM, O COMEÇO DA DEMOCRATIZAÇÃO DA CULTURA

Vai haver choradeira. Vai haver ranger de dentes. Afinal, o lobby da cultura é forte. E quando falo do lobby da cultura, estou falando dos três por cento dos grandes produtores que conseguem, por meio da Lei Rouanet, captar, principalmente no eixo Rio – São Paulo, mais da metade dos recursos disponíveis.

Claro, ninguém vai querer perder essa boca. E como esses grandes produtores têm peso na mídia, a coisa pode engrossar. Então, preparemos nossos ouvidos para a chiadeira da grande mídia contra a reforma da Lei Rouanet proposta pelo Ministério da Cultura. Talvez a proposta não seja a ideal, perfeita, totalmente acabada, mas na essência ataca o problema principal, que é a desigualdade de distribuição e captação de recursos. E é isso o que importa. Pode ser aperfeiçoada? Sim, claro que pode. Mas eu disse aperfeiçoada, não deturpada. Só espero que os artistas não entrem na choradeira dos grandes produtores e se tornem inocentes úteis na defesa da permanência dos privilégios e das distorções da atual redação dessa lei, que tem méritos, sim, mas precisa ser melhorada.

Outro aspecto da proposta do Ministério da Cultura que, com certeza, será ironizado e até bombardeado por um tipo de gente que frequenta a grande mídia, é a da criação do Bolsa Cultura. A idéia é distribuir uma espécie de vale subsidiado pelo Governo e pelas empresas a todos os trabalhadores que lhes permita adquirir bens culturais, como livros, ou frequentar museus, exposições etc.

Está aí uma excelente idéia. Porque não basta que se produzam bens culturais. É preciso incentivar e educar o público a consumi-los. Por exemplo: estou cansado de ir a espetáculos teatrais, aqui em São Paulo, em que o que menos importa é o número de pessoas na plateia, já que o espetáculo está pago, mesmo que os atores e técnicos recebam uma miséria. Como a divulgação é cara e não tem o mesmo incentivo que a produção, poucos ficam sabendo e muito poucos comparecem. E o produtor, que já embolsou o seu rico dinheirinho, está-se lixando se o público é ridículo.

Então, que venha o Bolsa Cultura, ou Vale Cultura, ou que nome lhe deem. Será uma forma de incentivar a que as pessoas pouco a pouco se acostumem a consumir um bem cultural, obtendo assim aquilo que todo artista deseja: público, gente que leia o seu livro, que assista ao seu filme, à sua peça, à sua dança, compre o seu disco etc.

O valor proposto pode até ser pouco: cinquenta reais por mês, mas já é um ótimo começo. E deixem que chiem os que não querem a democratização da cultura.

2 comentários:

Compondo o olhar ... disse...

nossa não estava sabendo de tudo isso. parabens por nos alertar...
também sou a favor da "bolsa cultura", assim teremos mais pessoas tendo acesso a cultura!!!

bjocas

Compondo o olhar ... disse...

esta sabendo da hora do planeta, hj as 20:30 apague as luzes por uma hora da sua casa, onde vc estiver... participe!!! o planeta agradece.

bjocas