agosto 11, 2024

DELENDA EST CAPITALISMO: VAMOS PENSAR MICRO

 



Em termos globais, tanto econômicos quanto em relação ao meio ambiente, o capitalismo tem sido o horror dos horrores para a humanidade: só tem causado empobrecimento e miserabilização dos povos, através da escravização do ser humano para obtenção de lucros absurdos para o gozo de poucos, concentrando a renda mundial nas mãos de poucos. A exploração descontrolada dos recursos naturais está levando ao esgotamento do planeta e reduzindo drasticamente sua capacidade de recuperação. Tudo isso põe em risco a própria sobrevivência da raça humana, o que nos leva a declarar de forma peremptória que, ou destruímos o capitalismo e buscamos novas formas de vida aqui na Terra, ou o capitalismo nos destruirá.

Pensemos agora no microuniverso do capitalismo: a exploração do ser humano no dia a dia de seu trabalho de escravo, porque é de escravos do capitalismo que estamos falando, quando pensamos que mais de 90% das pessoas sobrevivem trabalhando para uma empresa, seja ela pequena, média ou grande. Então, pode-se dizer que quase todos nós temos um patrão, ou melhor, um senhor de nossas vidas, que compra nossa força de trabalho e explora, com a mais valia, todas as nossas forças mentais, psicológicas e emocionais, através do controle das ideologias que nos mantêm presos ao conceito de que não temos saída, a não ser entregar-nos ao trabalho sob as regras que eles, os capitalistas impõem, já que são os donos da política e do poder.

Como controlam os capitalistas nossas mentes? Através da imposição de suas ideologias de dominação. Em política e economia, através das ideias conservadoras de ideólogos que vêm há muito tempo construindo o edifício filosófico do capitalismo, com suas pregações através de todos os meios disponíveis ou de todos os meios que o dinheiro possa comprar, ou seja, na academia, nas publicações editoriais desde as mais complexas até nos artigos de revistas e jornais; na dominação de todas as mídias sociais, imprensa, rádio, televisão, internet; na manipulação de dados e informações e, mais atualmente, através das redes sociais e da inteligência artificial. E são capazes de se apropriar, para seu proveito, de quaisquer outros meios que surjam, para manter a supremacia de seu pensamento ideológico sobre quaisquer outros pensamentos que se lhes oponham.

Há ainda um outro instrumento poderoso nas mãos do capitalismo, que lhe permite escravizar ainda mais as mentes humanas: a religião, a fé. A religião usa a fé para obscurecer a mente humana, com a promessa de outra vida, com a esperança de benesses divinas para todos quantos se tornem obedientes a seus princípios, que são, sempre, não importa a religião, princípios conservadores, que interessam profundamente ao ideário capitalista.

O ser humano já entra no mercado de trabalho com todo um background devidamente formado e deformado por uma educação que não consegue – mesmo quando tenta – libertar os jovens de paradigmas que lhes são incutidos desde quando nascem. A criança é inundada desde o berço pela ideologia religiosa, que forma a base de seu pensamento conservador: é impossível ao jovem ou à jovem escapar à citação de expressões de cunho religioso, à exposição da pregação religiosa, à cooptação aos mitos religiosos, aos cultos e às manifestações de crença que se apresentam em todos os momentos de sua formação, em casa, na rua, entre os amigos, nos meios de comunicação social, de tal forma que, se ousar manifestar oposição ou descrença a esses valores, poderá ser discriminado ou olhado como outsider, como um extraterrestre.

O mercado de trabalho é uma selva, onde sobrevivem aqueles que os capitalistas consideram os mais aptos, ou seja, aqueles que melhor se adaptam a seus interesses, no processo que “eles” chamam de “seleção”, em que prevalecem os ideários de outra falácia comum no meio empresarial: a ignominiosa e criminosa “meritocracia”, cujo único mérito é criar na cabeça do trabalhador e da trabalhadora a ideia de que se deve esforçar o máximo para agradar e conseguir vencer no mercado de trabalho, não importa se à custa até mesmo de sua dignidade. Como se todos tivessem a mesma oportunidade!

Quando, enfim, adquire o chamado “bom emprego”, aquele que lhe dá a falsa ideia de que está, enfim, “encaminhado na vida”, é necessário entregar ao patrão não só seu corpo, sua mente, sua inteligência, mas também sua vida, suas emoções, ou seja, é preciso “vestir a camisa” da empresa, para se manter empregado. É outra selva, onde parecem vencer os mais fortes, mas a selva é mais cruel ainda: vencem os que mais se entregam, os que mais se tornam confiáveis em todos os sentidos, aqueles que abraçam com fé a ideologia, os valores, os princípios do patrão e, com isso, conquistam suas graças e os prêmios de uma promoção, de uma chefia, de melhores salários, não importa o quanto de suor e de dignidade dispendam para isso. Afinal, o capitalismo impõe que ele tenha um carro, uma casa; frequente restaurantes e a mais “fina’ sociedade; tenha status e, principalmente, consuma, consuma o máximo que puder, para que a máquina capitalista, azeitada, cumpra seus desígnios.

Os que obtêm as benesses de cargos e salários mais altos são, no entanto, a chamada “elite” do processo, os poucos que se julgam mais realistas do que o rei, esquecidos de que, não importa quão alto seja o seu salário, já que o simples fato de ser assalariado torna-o também escravo da máquina, mesmo que essa escravidão lhe pareça dourada. Eles se esquecem de que estão sujeitos às mesmas leis e regras e à mesma cega obediência daquele senhorzinho ou senhorinha que eles, os tais “superiores” ou chefe ou chefetes julgam ser uns pobres coitados que lhes varrem o escritório de luxo e limpa seu cocô, que exala o mesmo fedor de toda gente, mesmo que tenha origem na lagosta do restaurante caro, acompanhada do melhor vinho.

No dia a dia dos que lutam pela sobrevivência, seja no assoalho da fábrica ou sobre os carpetes dos escritórios com ar condicionado, as dificuldades são sempre as mesmas, impostas ou por chefes imbecis e imbecilizados pela ideologia patronal ou pelos próprios patrões: regras absurdas, imposições diárias de sacrifícios; coisas idiotas, como impedir que o empregado que leva sua marmita coma no ambiente de trabalho e não lhe conceder um espaço para isso, ou mesmo um micro-ondas para aquecer sua refeição; obrigar o funcionário a trabalhar além do horário, sem pagamento de hora extra; obrigá-lo a fazer tarefas que não lhe competem; pressioná-lo por entregas que não são tão necessárias; cumprir prazos exíguos e com perfeição; encontrar defeitos nas tarefas e obrigar o funcionário a refazer seu trabalho inúmeras vezes, até mesmo depois do horário; enfim, há uma infinidade de humilhações diárias que as empresas utilizam para amesquinhar seus “colaboradores” (como eles gostam de dizer), para lhes quebrar o ânimo e o psicológico, para torná-los cada vez mais frágeis e sujeitos às manipulações, para que se tornem dóceis e covardes, e para que, mesmo depois que levam o famoso “pé na bunda”, não tenham coragem de denunciar os desmandos dos patrões, já que seu ânimo, sua vontade, massacrados durante anos de sujeição, fizeram deles indivíduos devidamente acomodados aos, mais uma vez – repito - , famosos “desígnios capitalistas”, que querem uma mão de obra amordaçada e obediente.

Não é preciso ressaltar a quantidade de indivíduos abalados psicologicamente, enfraquecidos no seu ânimo, na sua capacidade de reagir, e até de viver, que essa máquina de escravização produz, o que leva muitos dos trabalhadores a contraírem doenças inimagináveis, que superlotam os sistemas de saúde, públicos ou privados. E não vamos nem relacionar aqui os casos de ambientes de trabalho tóxicos, sem proteção devida aos funcionários, sem assistência médica e com condições análogas à escravidão, quando nem salário muitos trabalhadores recebem, em fabriquetas de fundo de quintal ou em propriedades rurais.

Portanto, o capitalismo selvagem – esse ser meio mítico e abstrato que domina o mundo – não faz estragos apenas no macrocosmo de sua ação perniciosa, mas, e talvez possamos dizer, principalmente, no microcosmo do dia a dia dos trabalhadores e das trabalhadoras. Por isso, mais uma vez deixo o meu recado, a minha impressão, a minha certeza: É PRECISO DESTRUIR O CAPITALISMO, ANTES QUE ELE NOS DESTRUA!

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