março 21, 2020

UMA BREVE CRÔNICA DOS TEMPOS DA GRIPE ESPANHOLA





A gripe espanhola, há mais de dois séculos, lá pelos idos de 2018-2019, dizimou milhares de pessoas pelo mundo afora. E aqui, na terra do faz de conta que combatemos qualquer pandemia, não foi diferente. Diante da inércia – crônica – dos governantes, São Paulo se transformou num cemitério a céu aberto, conforme os relatos da época. 

Sem saber o que fazer, muitas pessoas buscavam esconder-se da doença em lugares o mais distantes possível da epidemia. E um desses lugares era, naquela época, as bandas do Tucuruvi, ao qual só se chegava em lombo de burro. 

Pois, então, como em toda época de aperto e de consternações, sempre há os que pensam em ganhar um dinheirinho extra à custa da crendice daqueles que acham que existem curas milagrosas: espalhou-se mais que o vírus da gripe que uma senhorinha do bairro Parada Inglesa tinha um chá milagroso que curava os males ocasionados pela tal gripe. 

E lá se foram os incautos de sempre a formar filas na porta da casa da tal senhorinha. Como em toda epidemia ou pandemia, há sempre os que pegam logo a doença e morrem e há os que ou são resistentes ou conseguem resistir ao vírus e sobrevivem. Então, os que tomaram o tal chá e sobreviveram porque sobreviveriam de qualquer modo acreditaram que foram curados pelas artes herbáticas da tal tiazinha; e os que morreram não disseram nada. 

Assim, meu caro eventual leitor, não acredite em chás, em poções milagrosas, em rezas e artimanhas de cura, mesmo que vindas de gente travestida até mesmo de médicos – falsos – cujo diploma foi conquistado nas quebradas da safadeza e da arte de enganar as pessoas para ganhar um troco. Confiem apenas na palavra das autoridades constituídas e dos verdadeiros especialistas, mesmo que, às vezes, eles também errem. Mas seus erros podem ser corrigidos. Já a crença em bobagens só é corrigida pelos vermes que vão se banquetear com suas carnes.


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