julho 23, 2019

LAS BRUJAS – 2ª PARTE





Enquanto o mulo se traveste de palhaço no picadeiro da mídia, o grupo las brujas, encastelado em algum escritório da Av. Paulista ou em Wall Street, puxa os cordões e determina medidas de destruição do país, comendo pelas beiradas, com nomeações de apaniguados em cargos chave, com a edição de portarias e mudanças na composição de determinados conselhos, com decretos que passam desapercebidos, mas que têm força para mudar aos poucos os rumos do país. 

Eu chamo esse escritório de las brujas (baseado no ditado paradoxal “no creo en las brujas, mas que las hay, las hay”), porque as pessoas não acreditam muito nisso, acham que é teoria da conspiração. Mas o fio da meada está no escritório do Steve Bannon, amiguinho do futuro embaixador em Washington, por acaso filho do mulo, que é o representante da direita internacional para a América do Sul. O posto nos Estados Unidos lhe garantirá acesso a informações privilegiadas, para abastecer o desmonte das democracias ainda resistentes aqui nesse pobre Sur. 

A força dessa direita, que começou a se articular a partir da coleta e processamento de bilhões de dados, que lhes permitem analisar tendências e identificar grupos e pessoas susceptíveis de adotar suas opiniões, já provou seu poder com a eleição fraudulenta do Trump e com o brexit inglês (no começo da campanha, a opinião pública era claramente contra a saída da Inglaterra do Mercado Comum Europeu, mas eles conseguiram alterar o resultado, através, principalmente, da divulgação de fake news – veneno que conhecemos bem). Agora acabam de emplacar o novo primeiro ministro da Inglaterra, aliado do Trump e filhote da direita mundial hidrófoba. 

Essa direita internacional está preocupadíssima com o avanço da China, com a Coreia do Norte e com o Irã. Mas, como são países poderosos ou que têm aliados poderosos, precisam estabelecer políticas de bloqueio econômico ou de tarifas às suas exportações, para tentarem sufocá-los. Na América do Sul, o alvo é a Venezuela, com seu petróleo. Por isso, o Brasil se torna uma espécie de cereja do bolo conservador, com o atual governo. 

Sim, é uma mistureba muito grande, mas é isso mesmo, tudo é uma trama que se interliga e só faz sentido quando se pensa em termos globais. O mulo é só um títere nas entranhas e nas tramas dessa gente. O grupo las brujas deve ser constituído de meia dúzia de cérebros pensantes e computadores possantes (sim, a direita tem muita inteligência e também inteligentsia) que lhes fornecem bilhões de dados e informações que os ajudam a tomar as decisões e manipular o governo do mulo, que não tem inteligência nem capacidade de estabelecer essas estratégias, mas faz exatamente o que o grupo las brujas manda: encena-se uma pantomima com os palhaços todos no picadeiro da política, o mulo à frente, dando coices que chamam a atenção, enquanto o caldeirão das bruxas cozinha nos bastidores, em fogo brando, a entrega do País ao mercado internacional, com todas as suas riquezas presentes e futuras, além do seu alinhamento incondicional à política dos Estados Unidos.




(Ilustração: Francisco de Goya - Le Sabbat)


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