novembro 10, 2018

UMA FACADA MUITO SUSPEITA







Por que eu desconfio de que a facada que o deputado eleito presidente da república foi uma armação? 

Bem, não existem provas, mas num país em que se condenam pessoas porque o juiz tem convicção, embora não haja provas, por que não posso ter desconfiança de que a tal faca ocorrida em Juiz de Fora não foi uma armação? E estou falando de desconfiança, não de convicção. 



Então, vamos aos fatos e argumentos: 



1. O candidato andava sempre com colete à prova de balas e, no dia e hora do atentado, no meio de uma multidão e, portanto, em situação vulnerável, usava apenas uma camiseta. Por quê? 

2. No momento do atentado, há dezenas e dezenas de celulares erguidos, filmando, além, é claro, de filmagens profissionais e de amadores, possivelmente com aparelhagem bem mais sofisticada do que simples celulares. No entanto, quando procuradas, aparecem sempre as mesmas imagens, como se feitas por uma única pessoa, como se fossem as “imagens oficiais”. Onde estão as outras imagens? Por que ninguém as publica? 

3. Dizem os especialistas que nem sempre há sangue, após uma facada. Mas nenhum? Nem uma gota? Nenhum vestígio, nas fotos publicadas do candidato sendo conduzido ao hospital, nenhuma gota. 

4. O candidato estava cercado de seguranças – oficiais, da Polícia Federal, e seguranças pessoais, contratados por seu staff. E mais: estava cercado de “apoiadores” (adotemos o termo da mídia) fanáticos, uma multidão. Pessoas – tanto os seguranças do staff quanto os tais “apoiadores” – que não são exatamente “frias” diante de uma provocação, quanto mais de um atentado. No entanto, o autor da facada não leva sequer um sopapo, não é agredido. Está bem: a PF pode ter impedido isso, mas não eram tantos agentes que conseguissem conter uma multidão enfurecida, que tentaria agredir o autor da facada. Isso, absolutamente, não aconteceu. O autor do atentado saiu incólume – e protegido – do local do crime. 

5. Logo após o atentado, um dos filhos do candidato afirmou, numa entrevista, que seu pai “tinha acabado de ganhar a presidência”, com aquele fato. Ora, numa situação de estresse e, principalmente, de incerteza de que o pai, depois de uma facada, estava vivo ou não, como alguém fala uma bobagem como essa? Estranho, muito estranho. 

6. Logo após o atentado, um dos filhos do candidato afirmou que a faca entrara doze centímetros no corpo do pai. Como ele sabia disso? Outro declarou quase ao mesmo tempo que o ferimento tinha sido superficial, que o pai estava bem. Contradições nessa hora são normais, ou não? 

7. Também a foto na maca, com o candidato sendo conduzido já no hospital, não apresenta nenhum vestígio de sangue. 

8. Por que a pressa em transferir o candidato para São Paulo, se o primeiro boletim médico não indicava nenhuma urgência e dizia mesmo que o paciente estava bem? 

9. Já em São Paulo, depois de uma (assim referida) segunda operação, por que a insistência em divulgar fotos do candidato no hospital, até mesmo fazendo pose com as mãos como se fossem armas (um gesto característico dele), quando, em situações similares, procura-se preservar o doente e publicam-se apenas fotos em ocasiões muito especiais (lembram do Tancredo Neves e a “foto oficial” com os médicos e parentes?) 

10. Por que, em nenhum momento após o fato, o candidato, conhecido por seus arroubos e raivas repentinas e ódios, não condenou de forma peremptória o autor do atentado? Ele não falou praticamente quase nada sobre o autor, sobre o fato. Nada. Estranho, muito estranho. 

11. O autor do atentado: um completo desconhecido, que alegou ter agido porque não queria que o candidato vencesse as eleições. Uma alegação frágil, para alguém tentar matar outrem, principalmente diante de um fato que podia ou não acontecer, já que, naquele momento, não se podia afirmar que ele venceria. E mais: o cara estava desempregado e, apurou-se, com poucos recursos. No entanto, hospedou-se em hotel em Juiz de Fora, tinha vários celulares em seu poder e teve conhecimento prévio da agenda do candidato, para segui-lo por alguns dias e aguardar o momento exato do atentado. 

12. Ainda o autor: de onde apareceram os seus advogados? Quem os contratou? Quem está pagando sua defesa? 

13. E mais: por que, depois de várias audiências, a justiça acabou por acatar a tese de que “desequilíbrio” do autor e suspendeu o processo? Não é estranho? 

14. O fato de ficar imobilizado e não poder continuar a campanha foi muito conveniente para o candidato: foi a desculpa perfeita para não comparecer a nenhum debate e não se expor diante de outros candidatos muito mais preparados e experientes do que ele. 

15. Durante sua permanência no hospital e, depois, em casa, fazendo campanha apenas pelas redes sociais, as fake news dispararam e alavancaram sua candidatura, sem que houvesse o menor receio de que, descoberta a falcatrua, ele tivesse de dar alguma declaração a respeito, o que foi muito conveniente. 

Concluindo: acho que a operação por que o candidato passou, aqui em São Paulo, foi verdadeira, mas era algo que já estava programado, diante de alguma doença preestabelecida, devidamente oculta pelo seu staff e, depois, pela farsa da facada. Com isso, ele se preservou de especulações sobre seu real estado de saúde e se preservou de fazer uma campanha desgastante e, principalmente, de enfrentar em debates os seus experientes opositores. 

Tudo muito conveniente. E uma jogada de mestre. Ou não?





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