Arma-se no Brasil, sob as barbas
de todos os democratas, com a tutela da mídia de direita e com o apoio de
muitas camadas da população, mais um golpe contra o País. Nas salas acarpetadas
do Ministério Público, um grupo de promotores articula - e com sucesso - a
candidatura de Sergio Moro à presidência da República em 2018.
Será mais uma tentativa da
direita de emplacar um presidente moralista e moralizador. Jânio Quadro quebrou
a vassoura com que ia varrer a corrupção na cabeça deles e renunciou numa
tentativa de “golpe popular”, acuado por forças “tremendas”, aquelas que o
elegeram e que desejavam manipulá-lo. Collor correu tanto atrás de marajás, que
teve sua eleição fraudulenta emborcada num escândalo de corrupção ainda mais
cabeludo do que podia imaginar a parca imaginação da direita que o elegeu.
Agora, vão tentar a sorte com um
“puro”, um cara que não é político, saído das cortes e dos tribunais
persecutórios da corrupção de uma operação que a população acha que pertence a
uma pessoa só, mas é do Ministério Público. Caso típico de apropriação
indébita. Mas ninguém está lingando para isso. Como “dono” da Lava Jato, tem
sido a estrela a desafiar até mesmo princípios elementares de direito, para
manter-se em evidência na mídia. E tem o apoio dessa mesma mídia, sempre em
busca de um “salvador da pátria”, em nome da direita hidrófoba e alijada do
poder, quando da eleição de Lula, e, portanto, cheia de rancor, além de
parcelas significativas da população que se deixa enganar pelos arroubos do juiz
de primeira instância que se juga acima da lei. Suas prisões de autoridades e
poderosos donos de empreiteiras encantam o público menos avesso às filigranas
da lei e desencadeiam no povo a sensação de que, finalmente, não só os pobres
vão para a cadeia. O bom moço que enfrenta os poderosos traveste-se de
“salvador da pátria”. É tudo o que quer a direita.
Por qual partido sairá Moro
candidato à presidência?
Não se enganem. Será por um
partido pequeno. E sua filiação ocorrerá discretamente nos últimos instantes
permitidos pela legislação eleitoral. Na calada da noite. Deixará que todos
pensarem que ele não será candidato, porque não tem filiação partidária,
durante o maior tempo possível. Só assim a propaganda disfarçada – que
contraria a legislação – continuará por uns bons meses. E propaganda gratuita.
Na mídia diária. Com as revelações e prisões bombásticas da Lava Jato apoiadas
pelo Ministério Público e Polícia Federal. Com a ajuda de juízes do Supremo.
Então, como conduzido pelos
braços do povo, haverá o dia do “aceito”, e a revelação do partido. Um partido
pequeno, como disse, escolhido a dedo, devidamente “higienizado”, não tendo
elementos comprometidos com qualquer falcatrua (o que é difícil, mas não
impossível) e de direita ou centro-direita. As alianças virão em seguida.
Alianças e apoios. E o povo, em delírio, será mais uma vez iludido. Votará no
novo “salvador”, depois de mostras de emoção e choro pelos rincões da pátria
amada salve, salve.
Se vai ganhar, é difícil
predizer. A política costuma ser cruel com quem não está afeito a seu jogo, a
seus meandros. Mas tem toda a possibilidade de vencer, principalmente se
conseguir afastar o seu principal concorrente, o ex-presidente Lula.
Bem, se isso não acontecer, ou,
pelo menos, se Moro não sair candidato, prometo que jogarei fora minha bola de
cristal.
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