dezembro 06, 2016

A HORA DO PESADELO 1: DEPOIS DO GOLPE CONSTITUCIONAL, UMA REPÚBLICA DE PROMOTORES





Arma-se no Brasil, sob as barbas de todos os democratas, com a tutela da mídia de direita e com o apoio de muitas camadas da população, mais um golpe contra o País. Nas salas acarpetadas do Ministério Público, um grupo de promotores articula - e com sucesso - a candidatura de Sergio Moro à presidência da República em 2018.

Será mais uma tentativa da direita de emplacar um presidente moralista e moralizador. Jânio Quadro quebrou a vassoura com que ia varrer a corrupção na cabeça deles e renunciou numa tentativa de “golpe popular”, acuado por forças “tremendas”, aquelas que o elegeram e que desejavam manipulá-lo. Collor correu tanto atrás de marajás, que teve sua eleição fraudulenta emborcada num escândalo de corrupção ainda mais cabeludo do que podia imaginar a parca imaginação da direita que o elegeu.

Agora, vão tentar a sorte com um “puro”, um cara que não é político, saído das cortes e dos tribunais persecutórios da corrupção de uma operação que a população acha que pertence a uma pessoa só, mas é do Ministério Público. Caso típico de apropriação indébita. Mas ninguém está lingando para isso. Como “dono” da Lava Jato, tem sido a estrela a desafiar até mesmo princípios elementares de direito, para manter-se em evidência na mídia. E tem o apoio dessa mesma mídia, sempre em busca de um “salvador da pátria”, em nome da direita hidrófoba e alijada do poder, quando da eleição de Lula, e, portanto, cheia de rancor, além de parcelas significativas da população que se deixa enganar pelos arroubos do juiz de primeira instância que se juga acima da lei. Suas prisões de autoridades e poderosos donos de empreiteiras encantam o público menos avesso às filigranas da lei e desencadeiam no povo a sensação de que, finalmente, não só os pobres vão para a cadeia. O bom moço que enfrenta os poderosos traveste-se de “salvador da pátria”. É tudo o que quer a direita.

Por qual partido sairá Moro candidato à presidência?

Não se enganem. Será por um partido pequeno. E sua filiação ocorrerá discretamente nos últimos instantes permitidos pela legislação eleitoral. Na calada da noite. Deixará que todos pensarem que ele não será candidato, porque não tem filiação partidária, durante o maior tempo possível. Só assim a propaganda disfarçada – que contraria a legislação – continuará por uns bons meses. E propaganda gratuita. Na mídia diária. Com as revelações e prisões bombásticas da Lava Jato apoiadas pelo Ministério Público e Polícia Federal. Com a ajuda de juízes do Supremo.

Então, como conduzido pelos braços do povo, haverá o dia do “aceito”, e a revelação do partido. Um partido pequeno, como disse, escolhido a dedo, devidamente “higienizado”, não tendo elementos comprometidos com qualquer falcatrua (o que é difícil, mas não impossível) e de direita ou centro-direita. As alianças virão em seguida. Alianças e apoios. E o povo, em delírio, será mais uma vez iludido. Votará no novo “salvador”, depois de mostras de emoção e choro pelos rincões da pátria amada salve, salve.

Se vai ganhar, é difícil predizer. A política costuma ser cruel com quem não está afeito a seu jogo, a seus meandros. Mas tem toda a possibilidade de vencer, principalmente se conseguir afastar o seu principal concorrente, o ex-presidente Lula.


Bem, se isso não acontecer, ou, pelo menos, se Moro não sair candidato, prometo que jogarei fora minha bola de cristal.


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