abril 01, 2010

O PAPA E A PEDOFILIA



A noção precisa de que a criança é um ser em formação e, portanto, especial, que depende de uma série de cuidados para se tornar um ser humano íntegro e integral, é muito recente. Talvez coisa de depois de Freud ou dos estudos mais avançados de educação, psicologia, sociologia etc.

A noção primitiva da criança era de um adulto pequeno e que podia, portanto, ser tratada como tal. Assim, justificavam-se todas as perversões e todos os maus tratos praticados contra elas, as crianças, desde o comércio escravo até o seu uso como grumetes nos navios que percorriam os mares. E grumete, na maioria dos casos, era só um eufemismo para a prática da pedofilia pelos marinheiros que ficavam muito tempo em alto mar.

Desde Grécia e Roma, adolescentes eram devidamente educados para práticas homoeróticas de seus amos ou de seus preceptores. Não há nada de novo, portanto, na recente onda de denúncia de pedofilia por parte da Igreja Católica Romana.

O que assusta, na verdade, é hipocrisia do prelado católico no trato da questão. Eles sempre souberam e praticaram a pedofilia e o homossexualismo. Essa era a regra. E são poucas a s exceções.

Nos confinamentos dos seminários, é impossível que um grupo de jovens na idade do afloramento de todos os hormônios consiga impedir o livre curso da natureza com rezas e admoestações. Principalmente porque todo pecado, se confessado, termina com o perdão, depois da devida penitência. Então, entre si, nada incomum que seminaristas jovens se dedicassem ou à masturbação ou a práticas sexuais mais avançadas. Nada demais até aí.

A coisa começa a complicar quando os preceptores adultos entram em cena, para abusar desses jovens, quando eles declaram seus “pecados” no segredo da confissão. Muito fácil, para esses pedófilos – e aí, não se pode dar outro nome: criminosos e tarados – se aproveitarem da situação para o abuso. Se todos ou quase todos praticam, o mais certo é que todos tenham conhecimento dos fatos. Impossível ignorá-los.


Portanto, não se pode tratar a pedofilia eclesiástica como exceção. O papa foi seminarista e ascendeu a todas as posições da igreja. Dizer que ignora o que acontecia e acontece sob os cobertores dos seminários e dos conventos é, simplesmente, hipocrisia. Ou então ele é burro demais para não ter percebido o que se passava sob seu nariz.

Solução? Não há, pelo menos não no curto prazo. Porque a extirpação de práticas sociais arraigadas – neste caso, a pedofilia – demanda tempo e conscientização. Mesmo que a igreja decretasse o fim desse absurdo que é o celibato clerical, isso não seria ainda garantia de que a pedofilia seria nesse mesmo momento totalmente extirpada. Porque há ainda uma outra prática absurda - o confinamento de adolescentes por longos períodos em seminários, colégios internos e conventos – a favorecer todo tipo de práticas que, embora condenadas em público, são impossíveis de serem impedidas no particular.

Além disso, precisaria a igreja católica e todas as demais religiões deixarem de demonizar o sexo. E isso é, sim, um dos conceitos mais arraigados nessas instituições e, por isso, de mais difícil extirpação. Porque vem de tradição muito mais antiga, decorrente dos mitos de criação e de formas de dominação de grandes grupos por parte dos líderes, ou seja, ao criar o medo do inferno pela prática do sexo fora do consentimento desses líderes, torna-se muito mais fácil controlar o rebanho e dele obter as benesses que estão acostumados a receber, como poder, dinheiro, condição social e outras coisas mais.

Conclusão: o papa, a igreja e todas as demais religiões têm culpa, sim, no cartório, com relação ao crime de pedofilia. E esse crime só poderá ser amenizado e extirpado quando se conscientizarem de que sexo é uma força da natureza, fonte tanto de prazer quanto de continuidade da raça humana e não tem nada de pecaminoso ou demoníaco.

E isso vai levar tempo...


(Ilustração: papa bento xvi - desenho de Bapstitão, segundo meu amigo Toni d'Agostinho, a quem agradeço)

Um comentário:

Toni D'Agostinho disse...

Olá, Isaias.
A caricatura é de Baptistão.
Abraço!!!