maio 11, 2009

O "MENSALÃO", SEUS MISTÉRIOS E INJUNÇÕES

A prosa de hoje talvez seja um pouco longa, mas preciso por na rede o que penso sobre um assunto que tem preocupado minha mente por muitos meses: o que está por trás da denúncia do mensalão. Acho que ainda se lembram do escândalo, não? Ocupou a mídia, em manchetes escandalosas, em depoimentos absurdos na televisão, em performances circenses em CPIs transmitidas ao vivo, como um dos espetáculos mais estranhos de nossa recém-inaugurada democracia.

Que, diga-se de passagem, sobreviveu ao terremoto, ou maremoto, até que o tsunami virou marolinha, para usar um termo caro à atual mídia, para ironizar o Presidente da República.

Bem, vamos lá, que a missão é árdua. E mais uma coisinha importante: os fatos estão aí, não os reproduzo. Interpreto-os. À luz de minha lógica. Particular e idiossincrática, certo?

Para mim, há duas figuras centrais na pantomima armada: o deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson e o então ministro José Dirceu. O resto é resto, ou seja, todos os demais são figurantes mais ou menos importantes no caso, mas coadjuvantes.

Para tentar entender o imbróglio, vamos ter de analisar dois fatos: porque José Dirceu foi processado e cassado e Roberto Jefferson virou cantor e... saiu do armário.

Não acredito em teorias conspiratórias, principalmente universais, mas acredito, sim, em pequenas grandes armações paroquiais, às vezes articuladas com extrema inteligência, mas contando sempre com os acasos do momento.

Foi mais ou menos o que aconteceu com a direita golpista aliada a uma parte da mídia, não menos golpista, representada por grandes forças interessadas na volta da direita ao poder. Direita essa, hoje representada por dois grandes partidos: o PSDB e o DEM. O primeiro renegou há muito suas origens mais ou menos nobres de centro-esquerda para se aliar às forças mais conservadoras do País, para construir um ninho demotucano de grande apelo aos que detêm o capital: FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e demais associações de industriais; OAB/SP; os fazendeiros e agronecistas latifundiários; parcelas aqui e ali de outras instituições direitistas, além da mídia devidamente paga e cooptada pelas idéias neoliberais.

Então, aquilo que seria um escândalo idiota – o caixa dois – de que se valem todas as organizações partidárias desse País (que é ilegal e aética, sim!), transformou-se num açoite de proporções épicas, para demonizar o Partido dos Trabalhadores e tentar atingir o Presidente Lula, constitucionalmente eleito e em grande fase de apoio popular. Seria a vingança pelo que aconteceu com o “traidor das elites”, de triste memória, aquele das Alagoas, enfiado goela abaixo do povo pelas forças conservadoras.

Precisavam de um gatilho e de um nome de apelo, que grudasse, que caísse na boca do povo. Encontraram o gatilho no esperto e fanfarrão (e inteligente) presidente do PTB (aliado do Planalto, o que lhe conferia credibilidade), Roberto Jefferson.

Mas, porque tal elemento contribuiria para os planos da direita? Chantagem. Chantagem e promessas.

O presidente do PTB tem um segredo, o homossexualismo. E sonhos, claro. Além de um longo e belo rabo preso, sem nenhuma conotação sexual.

Então, foi fácil: ele botaria a boca no trombone, inventando, inclusive, o tal nome de apelo para a mídia – o mensalão – e teria, depois, o beneplácito da mídia para nunca demonizar a sua opção sexual, além da possibilidade de ter seus processos por corrupção amenizados por juízes corrompidos ou simpatizantes.

Armou-se, então, o circo.

Se o objetivo era atingir o Presidente, havia ainda uma preocupação secundária, mas fundamental: um homem de grande prestígio (por seu passado, por sua inteligência, por seu carisma) e de grande poder, dentro do Governo – José Dirceu, o nome certo para mais oito anos de poder do PT! Era preciso defenestrá-lo, custasse o que custasse.

Pode-se dizer o que quiser de José Dirceu, mas não que fosse corrupto ou desleal. Mas o mar de lama criado artificialmente pelas denúncias de Roberto Jefferson podia atingir o cerne do governo, ou seja, Lula. Para que isso não acontecesse, Dirceu foi para o sacrifício (graças à sua lealdade ao Partido e ao Presidente): salvavam-se, numa só cassação e desprestígio, o Governo e o Partido dos Trabalhadores.

E a direita lambeu os beiços: transformou um escândalo que teria proporções relativas numa grande crise que ameaçava até as instituições, para tirar de seu caminho um futuro candidato à Presidência, mesmo que para isso tivessem de engolir um possível segundo mandato de um Lula desprestigiado e enfraquecido.

Só não contavam que Lula – para compensar todo o desconforto da crise armada – voltasse com a corda toda para um segundo mandato e colocasse o Brasil no patamar em que se encontra hoje. E tivesse inalterado (e até aumentado) o seu prestígio tanto interno quanto no exterior.

Pobre direita (e mais pobres seremos nós, se seu candidato ganhar as próximas eleições!): ficou por um tempo zonza, sem bandeiras e, agora, precisa buscar qualquer pretexto para evitar o que seria para ela uma grande tragédia: a eleição de Dilma ou de qualquer outro candidato ligado às forças democráticas e não conservadoras.

E o “enorme” escândalo do “mensalão” está lá, nos escaninhos do Supremo Tribunal Federal, aguardando julgamento, sem, agora, mais nenhum charme, a não ser notas esparsas da mídia que insiste em chamar pelo apelido uma das práticas inventadas pela direita e apropriadas desastradamente por alguns destrambelhados do Partido dos Trabalhadores – o caixa dois no financiamento das campanhas políticas.

Por quanto tempo? Pelo passo de tartaruga do STF (para desespero dos inocentes), quem sabe? A não ser que o julgamento desse caso possa interessar às próximas eleições ou interferir em seu resultado.

Quem viver verá!

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