dezembro 11, 2022

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE FUTEBOL

 

(Autoria não identificada)


Eu vejo futebol há séculos. Aprendi que é o esporte coletivo mais belo e refinado que há, porque depende de uma série de fatores enormes, em campo e fora dele, inclusive o imponderável. Uma bola chutada no gol que faz uma curva improvável e engana o goleiro. Os cobradores de pênalti que temem o goleiro adversário, porque viram que já fizera grandes defesas e erram o pênalti. Um drible desconcertante, que desmonta toda uma defesa. Um time que joga 90 minutos da defesa e faz um gol no último minuto, em contra-ataque. Jogador que entra em campo para fazer a diferença e é expulso na primeira jogada, por entrada violenta no adversário. Gols de beleza plástica e gols bisonhos, de canela, de bunda, até de mão. Erros absurdos de juízes, que decidem uma partida. Juiz apitando o fim do jogo, quando a bola estava viajando da cobrança de escanteio para a área. Defesas mirabolantes de goleiros atrevidos. Frangos acachapantes de grandes goleiros e defesas impressionantes de goleiros medíocres. Vitórias por goleadas e vitórias sofridas. Enfim, o improvável pode acontecer até no último segundo. Equipes bem mais fracas vencendo equipes poderosas. Goleadas improváveis, assim como derrotas absurdas. Todo o drama humano se passa durante os 90 minutos ou mais de uma partida de futebol. Por isso, é tão apaixonante. Mas, o apito final encerra tudo. Quem perdeu que chore e se lamente, quem ganhou que comemore. E nós, torcedores, só temos a agradecer aos atletas, quando ganharam e entender nosso time, quando perde, já que nada mais há a fazer. E aguardar o próximo jogo, o próximo campeonato. Só. Mais nada. Que os analistas escrevam e falem o quanto quiserem, que é para isso que ganham: para fazerem belas análises, que aplaudimos, ou para falarem um monte de merda, que lamentamos. Se nosso esquadrão poderoso (na nossa opinião) foi derrotado ou foi vitorioso, que o choro ou a alegria não ultrapassem o tempo de algumas poucas horas de luto ou euforia e sigamos a vida. Consolemo-nos com o fato de termos sido testemunhas de um belo espetáculo, que se renova a cada partida, seja de uma seleção de um país ou de um time de várzea. Futebol é isto: a vida entre quatro linhas, com seus dramas e alegrias. Assim como um belo concerto de música ou um filme emocionante ou uma peça de Shakespeare. Arte, enfim. Não sofrimento.

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