Todos sabemos a posição política do jornal O Estado de São Paulo. Seus donos odeiam o PT e assumem
clara defesa do neoliberalismo peessedebista. Dão voz ao ex-presidente FHC para
escrever em suas páginas diatribes e demais vômitos de sua mente tacanha e
estúpida. Criticam tudo o que faz o atual governo. Enfim, é um órgão
comprometido com a direita.
No entanto, até eles - os
intrépidos jornalistas do Estadão - são acometidos, de vez em quando, de laivos
de decência política e conseguem publicar algo menos nojento do que a defesa das ideias de seus
patrões. Foi o que ocorreu na edição de hoje, domingo, 1 de março de 2015.
No seu principal caderno de
política, a reportagem de Lourival Sant"Anna, "Lista de Janot é o maior
teste de credibilidade do Ministério Público" teria tudo para ser mais uma
diatribe "anti tudo o que está aí". Mas, surpreendentemente, começa
criticando as escolhas dos Procuradores da República da era FHC, quando o então
presidente sempre ignorava as listas votadas pelos demais procuradores e
escolhia o nome mais conveniente, como o do famigerado Geraldo Brindeiro,
o "engavetador-mor" da República, conduzido ao cargo por quatro vezes
sucessivas, porque nunca levou adiante uma só denúncia contra o governo tucano.
Ressalta, ainda, a reportagem a
liberdade que ganhou o Ministério Público a partir dos governos do PT. O
ex-presidente Lula obteve retumbantes derrotas e amargou grandes dissabores nas
mãos de Procuradores por ele nomeados, em vários momentos, principalmente na
crise do denominado pela imprensa "escândalo do mensalão". No
entanto, em nenhum momento deixou de ter uma postura altamente republicana,
nomeando procuradores independentes. E mais: a reportagem termina enaltecendo o
ex-presidente, com uma declaração de sua assessoria de que "o
ex-presidente não se arrepende, ao contrário, tem orgulho de ter respeitado a
autonomia do Ministério Público e sempre nomeado o primeiro colocado na lista
tríplice". Ou seja: isso, sim, é ser republicano, é ser democrata, é não
ter medo (como nunca tiveram os governos do PT, inclusive a presidenta Dilma)
de ser investigado, de "cortar na própria carne", como muitas vezes
teve de fazer, e de punir quem precisa ser punido por "mal feitos".
Ao contrário, muito ao contrário, dos governos autoritários e corruptos que o
Estadão defende, principalmente na figura de FHC, seu queridíssimo articulista.
Não dá para se confiar nessa
gente, mas às vezes até eles dão a mão à palmatória e, diante da verdade
translúcida dos fatos, publicam reportagens decentes, não distorcem os
acontecimentos, mesmo que, mais adiante, em editoriais azedos, venham a cair de
novo no seu ódio à verdadeira democracia e a enaltecer o neoliberalismo
peessedebista.
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