outubro 21, 2014

LIBERDADE DE IMPRENSA X IMPRENSA LIVRE







A Rede Globo de Televisão e também as assim chamadas co-irmãs, ou seja, todas as demais redes de rádio e televisão do País, acompanhadas da mídia impressa, enchem a boca de seus apresentadores de telejornais, de seus jornalistas, de seus comentaristas, para qualquer evento em que se discuta ou que alguém de peso defenda a liberdade de imprensa.

Sim, liberdade de imprensa (liberdade de opinião, liberdade de mídia) é um bem fundamental de qualquer democracia. Direito e dever. Inalienável. Como vários outros princípios democráticos.


Temos, no Brasil, assegurada pela Constituição Federal, amparada por leis, defendida por todos, total liberdade de imprensa. Total liberdade de mídia. Nenhum jornal, nenhuma emisssora de televisão ou de rádio, nenhuma revista ou qualquer outro tipo de mídia têm sido perseguidos ou seus integrantes, presos, por opinião ou pelo exercício de seu ofício. Os três poderes da República funcionam em harmonia e se respeitam, apesar de divergências, mas respeitam, acima de tudo, a liberdade de opinião de todo e qualquer cidadão.

Mas... E aí vem uma adversativa que a nossa imprensa adora: há sempre um "mas" em qualquer notícia que nossa mídia publique sobre a situação do País - "a economia cresce, mas...", "não há desemprego, mas..."

Então, em relação à liberdade de imprensa/liberdade de mídia, também queremos ter o direito de colocar um "mas..."

E a nossa adversativa vem carregada de perplexidade, porque há um paradoxo nessa tão decantada liberdade que enche a boca de nossos ilustres apresentadores e comentadores só existe como quimera. Porque não há liberdade alguma dentro de nossa mídia, concentrada nas mãos férreas de cinco famílias. O que a nossa imprensa/mídia confunde é a liberdade de imprensa (liberdade de mídia) com imprensa livre (mídia livre).


Desafio qualquer jornalista de nossa grande mídia - Globo, Veja, Estadão, Folhão etc. - a dizer, sem muito óleo de peroba na cara, que tem liberdade de dizer e escrever o que pensa, dentro das redações e, principalmente, publicar em seus jornais, revistas e dizer em suas rádios e televisões opiniões que contrariem as opiniões de seus patrões.

Claro: muitos jurarão de pé junto que publicam o que pensam, porque há o outro lado cruel dessa moeda - não fica empregado nessas redações um só jornalista ou comentarista que destoe seu pensamento do pensamento do patrão. São todos escolhidos a dedo. Os que não se conformam às orientações que vêm de cima, se chegam a trabalhar, não permanecem.

E as famílias são oligopólios do pensamento único: suas ideias, sua ideologia, sua postura têm o cheiro pútrido do conservadorismo que nenhuma naftalina consegue disfarçar. São todos "quatrocentões" de todos os costados, aqui aportados nas naves vagabundas de Cabral. Nenhum pensamento modernizador ou de viés social, ou que implique a ascensão das massas populares ao poder, ou mesmo, às benesses do capitalismo selvagem que defendem, pode chegar a seus leitores, ouvintes ou telespectadores, que isso é visto como veneno ou ameaça a seu poder e ao poder que representam, fincado nos chãos de fábricas onde o operário é massa de manobra, ou fincado nos latifúndios lucrativos do agronegócio onde o lavrador é apenas o adubo que fertiliza a terra. Ambos - a indústria e o campo - nas mãos hábeis dos capitalistas internacionais, aqueles que lhes compram a consciência com o ouro negociado nas bolsas de Nova Iorque, Londres ou Tóquio e transformado em mais poder - econômico e político.

Portanto, a liberdade de imprensa/mídia - um bem inalienável em qualquer democracia - torna-se uma quimera, um jargão de noticiário do horário nobre, se não tem a contrapartida de uma imprensa/mídia livre. Não há realmente, liberdade de imprensa/mídia, enquanto a imprensa/mídia estiver sob o domínio oligopolizado de uns poucos.

E pior: de uns poucos que manipulam e mentem, que usam pesquisas e meios escusos de toda espécie, para influenciar a mente do povo, para fazer com que se elejam os seus cupinchas, os seus paus-mandados, como já fizeram no passado com um determinado presidente que foi, depois, devidamente defenestrado do poder, quando o povo percebeu o engodo.


A História que se repete, só se repete como farsa. E o povo sabe disso. Por isso, se muitos se deixam envolver pela mentira, pela falta de caráter de nossa mídia - que tenta mais uma vez manipulá-lo -, a maioria saberá dar o troco nessa gente e dar mais um passo à frente, no sentido de emancipação de um povo que se vê empobrecido e escravizado há quinhentos anos e está começando a gostar da liberdade que não têm os nossos jornalistas nas redações de suas empresas de mídia. Pobres coitados!

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