A Rede Globo de Televisão e
também as assim chamadas co-irmãs, ou seja, todas as demais redes de rádio e
televisão do País, acompanhadas da mídia impressa, enchem a boca de seus
apresentadores de telejornais, de seus jornalistas, de seus comentaristas, para
qualquer evento em que se discuta ou que alguém de peso defenda a liberdade de
imprensa.
Sim, liberdade de imprensa
(liberdade de opinião, liberdade de mídia) é um bem fundamental de qualquer
democracia. Direito e dever. Inalienável. Como vários outros princípios
democráticos.
Temos, no Brasil, assegurada pela
Constituição Federal, amparada por leis, defendida por todos, total liberdade
de imprensa. Total liberdade de mídia. Nenhum jornal, nenhuma emisssora de
televisão ou de rádio, nenhuma revista ou qualquer outro tipo de mídia têm sido
perseguidos ou seus integrantes, presos, por opinião ou pelo exercício de seu
ofício. Os três poderes da República funcionam em harmonia e se respeitam,
apesar de divergências, mas respeitam, acima de tudo, a liberdade de opinião de
todo e qualquer cidadão.
Mas... E aí vem uma adversativa
que a nossa imprensa adora: há sempre um "mas" em qualquer notícia que
nossa mídia publique sobre a situação do País - "a economia cresce,
mas...", "não há desemprego, mas..."
Então, em relação à liberdade de
imprensa/liberdade de mídia, também queremos ter o direito de colocar um
"mas..."
E a nossa adversativa vem
carregada de perplexidade, porque há um paradoxo nessa tão decantada liberdade
que enche a boca de nossos ilustres apresentadores e comentadores só existe
como quimera. Porque não há liberdade alguma dentro de nossa mídia, concentrada
nas mãos férreas de cinco famílias. O que a nossa imprensa/mídia confunde é a
liberdade de imprensa (liberdade de mídia) com imprensa livre (mídia livre).
Desafio qualquer jornalista de
nossa grande mídia - Globo, Veja, Estadão, Folhão etc. - a dizer, sem muito
óleo de peroba na cara, que tem liberdade de dizer e escrever o que pensa,
dentro das redações e, principalmente, publicar em seus jornais, revistas e
dizer em suas rádios e televisões opiniões que contrariem as opiniões de seus
patrões.
Claro: muitos jurarão de pé junto
que publicam o que pensam, porque há o outro lado cruel dessa moeda - não fica
empregado nessas redações um só jornalista ou comentarista que destoe seu
pensamento do pensamento do patrão. São todos escolhidos a dedo. Os que não se
conformam às orientações que vêm de cima, se chegam a trabalhar, não
permanecem.
E as famílias são oligopólios do
pensamento único: suas ideias, sua ideologia, sua postura têm o cheiro pútrido
do conservadorismo que nenhuma naftalina consegue disfarçar. São todos
"quatrocentões" de todos os costados, aqui aportados nas naves
vagabundas de Cabral. Nenhum pensamento modernizador ou de viés social, ou que
implique a ascensão das massas populares ao poder, ou mesmo, às benesses do
capitalismo selvagem que defendem, pode chegar a seus leitores, ouvintes ou
telespectadores, que isso é visto como veneno ou ameaça a seu poder e ao poder
que representam, fincado nos chãos de fábricas onde o operário é massa de
manobra, ou fincado nos latifúndios lucrativos do agronegócio onde o lavrador é
apenas o adubo que fertiliza a terra. Ambos - a indústria e o campo - nas mãos
hábeis dos capitalistas internacionais, aqueles que lhes compram a consciência
com o ouro negociado nas bolsas de Nova Iorque, Londres ou Tóquio e
transformado em mais poder - econômico e político.
Portanto, a liberdade de imprensa/mídia
- um bem inalienável em qualquer democracia - torna-se uma quimera, um jargão
de noticiário do horário nobre, se não tem a contrapartida de uma
imprensa/mídia livre. Não há realmente, liberdade de imprensa/mídia, enquanto a
imprensa/mídia estiver sob o domínio oligopolizado de uns poucos.
E pior: de uns poucos que
manipulam e mentem, que usam pesquisas e meios escusos de toda espécie, para
influenciar a mente do povo, para fazer com que se elejam os seus cupinchas, os
seus paus-mandados, como já fizeram no passado com um determinado presidente
que foi, depois, devidamente defenestrado do poder, quando o povo percebeu o
engodo.
A História que se repete, só se
repete como farsa. E o povo sabe disso. Por isso, se muitos se deixam envolver
pela mentira, pela falta de caráter de nossa mídia - que tenta mais uma vez
manipulá-lo -, a maioria saberá dar o troco nessa gente e dar mais um passo à
frente, no sentido de emancipação de um povo que se vê empobrecido e
escravizado há quinhentos anos e está começando a gostar da liberdade que não
têm os nossos jornalistas nas redações de suas empresas de mídia. Pobres
coitados!
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