janeiro 21, 2009

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO

Essas seitas pentecostais que grassam pelo Brasil e pelo mundo crescem e prosperam à custa de muito embuste, muita enganação, muita saliva para cima de seus fiéis seguidores. A maioria tem por dirigentes verdadeiros picaretas, que enriquecem graças ao dízimo de pessoas que acreditam poder comprar um lugar no paraíso dando dinheiro para pastores desavergonhados e impudicos que têm fazendas imensas, haras de plantéis caríssimos, mansões no Brasil e no exterior, redes de televisão e muito mais coisas do que possa sonhar nossa imaginação.

Não pagam impostos, ou sonegam vergonhosamente a parte que a tributação cobra. Tornam-se poderosos. E temidos. Não se pode falar deles, que arrotam o argumento de perseguição religiosa. A imprensa os teme; os órgãos públicos são coalhados de fiéis seguidores dispostos a dar qualquer tipo de jeitinho para impedir que processos avancem, que denúncias cheguem aos órgãos competentes ou a instâncias superiores. Colocam-se acima da lei e da justiça. Em nome de deus, de Jesus, de seus credos, encastelados em receitas prontas de fanatização de um público não apenas fiel, mas rebanho cego, surdo e burro.

Quando acontecem acidentes, como o que matou nove pessoas ao desabar o teto do templo da famigerada Renascer em Cristo, no bairro do Cambuci, em São Paulo, deixam no ar os seus dirigentes mentirosos e mal informados a idéia de que, afinal, acidentes acontecem por obra e graça de Deus e que os fiéis mortos tiveram a sua graça para alcançar o paraíso, numa desfaçatez que nenhum órgão de imprensa denuncia.

Igreja é negócio. E como negócio dos mais lucrativos, não tem essa de não pagar impostos. Se o fiel quer ser enganado e espoliado de seus bens, de seu salário, para enfiar na garganta dos falsos milagres de pastores que fingem tirar demônios do corpo de pessoas que se prestam à palhaçada por uma graninha a mais no bolso ou são sugestionadas pelo clima de terror que eles criam em seus cultos, brandindo a bíblia e usando e abusando do discurso apocalíptico, que esses fiéis doem seus bens, mas que a igreja, os pastores e dirigentes paguem impostos como todos os demais cidadãos desse País.

Que seus templos sejam devidamente vistoriados e muito bem vistoriados pelos bombeiros e pelos fiscais da Prefeitura; que sejam construídos de acordo com as normas de segurança do Município; que tenham proteção acústica contra a gritaria para um deus surdo que atormenta vizinhos como se fosse um estádio de futebol, com o agravante de que ocorre a qualquer hora do dia e da noite; que não se permitam templos a torto e a direito, em qualquer salão improvisado, sem nenhuma segurança, onde os tais fiéis são recebidos como gado num matadouro.

Isso não é perseguição religiosa, não. Isso é preocupação com a segurança dos próprios seguidores desses cultos, é respeito às leis e aos demais cidadãos. Se eu tenho preconceito contra esses cultos, por achar que são apenas igrejas caça-níqueis, eu tenho todo o direito de me manifestar, sim. Sou cidadão, vivo num País livre e tenho liberdade de criticar a quem quiser: nenhuma autoridade está acima do meu direito de protestar, de criticar, de exigir que as leis sejam cumpridas.

Perseguição religiosa é o que fazem esses cultos pentecostais uns contra os outros ou contra seitas que seguem princípios diferentes dos seus, como os cultos afros, que são discriminados e considerados cultos ao demônio, como se cultuar o demônio ou qualquer outro ser ou deus fosse proibido. A inquisição católica terminou no século XVIII, mas muitos desses fanáticos pastores bem gostariam de revivê-la, de reacender as tochas para alimentar fogueiras e queimar vivos os seus críticos, como bruxos e bruxas de antanho. Felizmente outros são os tempos, mas a forma como se defendem, atacando seus pretensos inimigos ou críticos nos faz temer que, afrouxada a lei, coisas muito ruins podem advir dessa gente.

Seus templos fulgurantes escondem mazelas e armadilhas aos incautos, como verdadeiros mangues ou areias movediças. Nem tudo o que lá parece tão belo, tão puro, tão iluminado, é realmente aquilo que aparenta. A voracidade dos tais pastores e bispos e bispas e não sei mais que falsos títulos eles se atribuem leva a que os seus fiéis sejam explorados ao limite de seus bens, de suas forças. Há pessoas que gostam, porque acham que recebem graças, ou que receberão benesses no outro mundo. Pobres diabos. Deles temos dó, por eles alertamos contra as armadilhas desses templos, embora saibamos ser inúteis quaisquer admoestações, cegos que ficam todos eles pelas falácias e pelas falsas promessas.

Enfim, que não se venha com argumentos de perseguição religiosa para a punição dos irresponsáveis que tratam o seu povo, o povo que lhes dá a riqueza em que eles chafurdam, como os porcos que são mais iguais do que os outros da fábula de George Orwell, como idiotas que merecem morrer, porque são os tais justos que irão herdar o reino dos céus. Já que é impossível acabar com essa exploração, que pelo menos os tais irresponsáveis sejam punidos, exemplarmente punidos, pelas leis humanas, como forma de se evitarem tragédias que ainda poderão ocorrer por esse País afora, em nome da ganância de poucos na exploração de muitos.

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