maio 04, 2019

NÃO É MAIS QUESTÃO DE ESQUERDA OU DIREITA





Há fatores que levam um país à derrocada, a uma situação de penúria tal, que são necessários muitos e muitos anos para recuperar, às vezes até décadas ou séculos. Podem ser fenômenos naturais como terremotos, explosões vulcânicas, grandes enchentes, estiagens prolongadas etc. Ou podem ser fenômenos ocasionados pelo homem, como guerras intestinas, invasões e conflitos prolongados e até mesmo políticas equivocadas de governantes ineptos. 

Estamos vivendo hoje, no Brasil, um país que tem poucos cataclismos naturais, em comparação com outras nações, um momento de grande impacto para o futuro do povo, como nação civilizada. Vivemos o início de um governo tão inepto, que ele vale por terremotos devastadores, por invasões prolongadas e guerras intestinas que sagram as forças e a economia do povo. Sua capacidade de demolição do Estado está-se revelando de tal ordem e de forma tão sub-reptícia - motivo pelo qual constatamos a apatia da população diante dos descalabros ainda a poucos evidentes – que, em poucos meses, não mais teremos como reverter as situações criadas. 

O comprometimento do futuro assenta-se sobre a destruição lenta, gradual e constante de instituições democráticas e necessárias ao desenvolvimento do país, como a propalada reforma da previdência - vendida como solução única da salvação das finanças públicas, num processo de demonização do sistema de aposentadoria que tem, sim, distorções, mas não devidas às aposentadorias das classes populares. Em vez de corrigir distorções, propõe-se destruir o sistema. E o povo, ignorante das reais intenções desse desgoverno, a tudo assiste, inerte, como se o dedo de um poder superior tivesse paralisado suas forças. 

O mesmo acontece em relação a setores fundamentais para o sucesso e o progresso de qualquer povo que se queira civilizado: a demolição de suas instituições educacionais, de ensino e de pesquisa, ao lado da demonização da função dos professores e de todos aqueles que se dedicam às chamadas ciências humanas. Um país sem pensadores, sem planejadores, sem filósofos, sem educadores, sem pesquisa científica, sem futuro é o que emerge das medidas de corte visceral de verbas públicas para esses setores. É a morte da esperança de um país desenvolvido. 

E mais: diante de taxas de desemprego crescentes, não há um só vislumbre de políticas que visem a diminuir – por pouco que fosse – a aflição do povo na busca não só de um primeiro emprego, mas de qualquer emprego. Não há, por parte desse desgoverno, qualquer política voltada a resolver os grandes desafios de produção, de exportação, de destravamento dos negócios, para criação de empregos. Nenhuma empatia mostra o tal capitão – que tem mais o instinto de capitão-do-mato a caçar escravos – para com a população carente. Ainda não demoliu o sistema de amparo aos mais pobres, os programas sociais, porque ainda não teve tempo para isso. 

Quanto à saúde, o descalabro começou antes mesmo da posse: as críticas aos médicos cubanos, o que levou à sua retirada, assinalou bem o que viria e o que está acontecendo. Nenhuma medida, nenhuma proposta para melhoria das condições de saúde do povo. Os programas existentes continuam por obra e graça de sua inércia, ou seja, ainda funcionam – às vezes precariamente – porque há leis que asseguram seu funcionamento. 

A índole assassina desse capitão ressoa no aumento da criminalidade, no aumento do feminicídio e do preconceito, num processo de demonização dos grupos minoritários, reflexo de políticas equivocadas, de declarações homofóbicas e absurdas por parte não só do “presidente”, mas também de seus assessores mais próximos e, principalmente, dos seus três filhos, que parecem compor uma espécie de tríade informal do pensamento oficial. Não nos esqueçamos, ainda, de que há uma longa tradição dessa famiglia no trato com milícias e milicianos acantonados no Estado do Rio de Janeiro, responsáveis por crimes bárbaros e pela exploração das comunidades mais carentes. E mais ainda: a distensão da lei de porte de armas, o que levaria a uma corrida armamentista por parte de uma parcela da sociedade, com resultados imprevisíveis quanto ao aumento da violência doméstica, dos acidentes e dos assassinatos. E, se ainda é pouco, não nos esqueçamos de sua promessa aos fazendeiros e latifundiários de propor uma lei que permita que eles matem – isso mesmo, matem! – invasores de suas terras, sem que sejam punidos. 

Não nos estendamos mais na relação de medidas e propostas absurdas desse governo, que a lista é bastante longa para tão pouco tempo. Falemos de medidas necessárias e urgentes para defesa do País contra essa máfia engravatada que assaltou o planalto central. 

Não se trata mais de esquerda ou direita. O Brasil sobreviveu – a trancos e barrancos, é verdade – aos quase quinhentos anos de governos da direita. O Brasil prosperou – mesmo que não tanto quanto gostaríamos – durante os doze anos de governos da esquerda, também meio aos trancos e barrancos, às vezes aos trancos, porque os barrancos da direita foram sempre uma barreira quase intransponível. O Brasil sobreviveu, sobrevive e sobreviverá, portanto, a muitas ideologias, a muitos desgovernos, a muitos governantes equivocados ou realmente mal-intencionados, mas não sobreviverá ao desmonte que essa gang está disposta a levar adiante enquanto estiver no poder. 

Portanto, para finalizar, repito: não é mais questão de esquerda ou de direita, é uma questão de sobrevivência do povo e do País como nação minimamente civilizada, realmente inserida no concerto dos povos desenvolvidos, com uma população minimamente assistida e, pelo menos, com possibilidade de diminuir o imenso fosso social que separa pobres e ricos, um país com menos desigualdade social. Ou seja: é preciso lutar contra o desmonte dessa possibilidade. Mais claramente: OU TIRAMOS ESSA GANGUE QUE PRETENSAMENTE NOS GOVERNA, ANTES QUE A MILITARIZAÇÃO DA MÁQUINA ADMINISTRATIVA ATINJA UM GRAU QUE INVIABILIZARÁ QUALQUER OPOSIÇÃO, OU NÃO TEREMOS NENHUM FUTURO.

Um comentário:

Anônimo disse...
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