setembro 23, 2009

A ABERTURA DO JOGO: É PRECISO MAIS RESPONSABILIDE!

Parece inevitável que o Congresso Nacional acabe por aprovar a abertura da jogatina no Brasil. A pressão é muito forte e há, além de argumentos, muitos interesses, de grupos muito poderosos, de gente que já está há muito tempo no negócio da exploração dos incautos.

Não sou totalmente contra a abertura de cassinos e a regulamentação dos jogos de azar. Há pontos positivos. E não adianta muito ficarmos com argumentos moralistas contra a compulsão humana de buscar um entretenimento tão estranho quanto o prazer dos indivíduos de arriscar todo o seu dinheiro em cartas, roletas, máquinas e não sei mais quantas outras formas de ilusão.

No entanto, há que se fazerem as coisas de forma a que não se transforme o País num imenso cassino. Porque, se há aqueles que apreciam, há também os que são “doentes compulsivos” pelos jogos de azar. E esses precisam de algum tipo de proteção do Estado. Mas, há mais: além dos compulsivos, há os milhares, talvez milhões, de cidadãos que, num momento de desespero, se iludem com o ganho fácil e se enterram definitivamente no canto da sereia de um possível ganho fácil e momentâneo, sem terem as mínimas condições para enfrentar um endividamento que pode levá-los e à família à falência total.

Por isso, mesmo não sendo um especialista na questão, mas um cidadão preocupado não só com a saúde emocional das pessoas e dos jovens que podem ser atraídos para a jogatina, mas também com a possibilidade de que nossas cidades se deteriorem com a abertura indiscriminada de casas de jogos (a distância de quinhentos metros de escolas nem sempre é bem fiscalizada, além de insuficiente), proponho a nossos Congressistas que lutem por uma idéia bastante simples, mas que pode ser eficaz:

Que somente municípios com mais de duzentos mil habitantes possam ter casas de jogos. E, principalmente, que só possam ser abertas tais casas fora dos limites urbanos dessas cidades, com o compromisso de que, se a cidade estender seus limites, as casas de jogos também se mudem sempre para mais longe.

Eu acredito que, com isso, não teríamos de conviver com a proximidade e a atratividade dessas casas de jogos. Não veríamos o ambiente urbano se degradar com a construção ou adaptação de grandes imóveis que atraem movimentação excessiva de pessoas e, consequentemente, provocam congestionamentos, barulho e poluição.

Enfim, além de todos os demais cuidados na regulamentação, que não deixem os nossos Congressistas, diante da inevitabilidade dos cassinos, que nossas cidades se degradem ainda mais, com a proliferação indiscriminada de casas de jogos.

Um comentário:

ZéPinto disse...

Isaías,

Achei muito pertinente e bem colocado o seu artigo. Acrescentaria apenas que o número de casas de jogos seriam limitados à população de uma cidade ou de uma área (como por exemplo, nas imediações de Cambuquira/Caxambu) e que os requisitos para que as municipalidades dessem alvará de funcionamento fossem bastante rígidos para evitar a proliferação desenfreada. Veja um exemplor bastante significativo: Veneza, na Itália, onde o jogo é livre, tem apenas um cassino. E ele atende à demanda dos moradores e dos turistas do mundo inteiro que lá vão.